O Instituto-Geral de Perícias (IGP) concluiu os exames sobre as imagens de videomonitoramento que compõem o inquérito a respeito da morte de Jones Lopes dos Santos Silva, o qual está em elaboração na 1ª Delegacia de Homicídios de Porto Alegre. O garçom, morador do bairro Partenon, foi encontrado sem vida na madrugada de 11 de junho, em uma área de estacionamento da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS).
O caso segue envolto em dúvidas. Jones, 33 anos, tinha marcas no corpo, com hematomas e escoriações, principalmente nas mãos e na cabeça. As hipóteses, segundo a polícia, são diversas. Investigadores falam, em tese, na busca por evidências acidente e suicídio, mas não descartam o homicídio como explicação. Familiares, por sua vez, reclamam da ausência de esclarecimentos até o momento.
— É uma angústia não sabermos o que aconteceu. A polícia diz que está trabalhando com sigilo de informações. Não nos deixam ver as imagens. No dia do falecimento, mostraram um vídeo curto que mostra um vulto. Nem dá pra saber se é uma pessoa. Aparece o clarão da chama de um isqueiro acendendo, depois um movimento de queda. Não nos permitiram ver as imagens completas — desabafa Juliana Santos de Souza, 28 anos, irmã de Jones.
A manicure enfatiza que a causa da morte, descrita na declaração de óbito, está caracterizada como "traumatismo cranioencefálico por ação de instrumento contundente". Amigos e familiares, segundo Juliana, não identificam a possibilidade de suicídio como explicação. Exigem um apontamento conclusivo. Na semana da morte, realizaram protesto, bloqueando trecho da Avenida Ipiranga.
Procurada pela reportagem de Zero Hora para um posicionamento sobre o ocorrido, a PUC respondeu com a seguinte manifestação: "A Universidade segue aguardando a conclusão do inquérito da Polícia Civil".
15 minutos de imagens
Desde o início das investigações, as imagens são consideradas como um dos principais elementos da apuração. De acordo com o IGP, conclusões não podem ser divulgadas. Contudo, o órgão de polícia científica confirma que o conteúdo examinado é composto por seis arquivos. "Cinco com cerca de 1 minuto de duração e um deles com cerca de 10 minutos", relatou o IGP.
Conforme a titular da 1ª Delegacia de Homicídios, delegada Clarissa Demartini, o laudo sobre as imagens será analisado na segunda-feira (8). Ela afirma, sem revelar o conteúdo, que a necropsia foi recebida há duas semanas e pontua que a perícia do local dos fatos é aguardada, sendo qualificada como "fundamental" pela policial civil.
No Departamento de Homicídios, a determinação é por não antecipar conclusões. Para o diretor do setor, delegado Mario Souza, todas as mortes violentas são investigadas até o descarte de hipóteses, independentemente dos indicativos. Souza garante que haverá "um resultado conclusivo".
Extrovertido e comprometido, descreve irmã
Juliana conta que Jones era extrovertido e comprometido com as pessoas com quem se relacionava. Não mantinha relacionamento conjugal e não teve filhos. Contudo, era dedicado e responsável com uma tarefa diária: levar e buscar os sobrinhos, de 6 e 8 anos, na escola.
Levava e buscava meus filhos na escola. Não se atrasava e jamais falhou com as crianças
JULIANA
Irmã de Jones
— Ele não se atrasava e jamais falhou com as crianças. Meus filhos eram muito apegados no tio — comenta Juliana.
A manicure sustenta que Jones não manifestava descontentamentos e nunca apresentou comportamento depressivo. Seria, inclusive, um homem extrovertido e bem relacionado com a comunidade.
— Trabalhava como garçom, pintor, limpava pátios e fazia pequenas obras. Todos gostavam dele no nosso bairro. No dia do falecimento, pedi um favor e ele atendeu como sempre, sem reclamar, nem pedir nada em troca — recorda.