Réu por tentar matar a ex-namorada dentro de um veículo, no bairro Hípica, na zona sul de Porto Alegre, em 2019, Thiago Guedes Pacheco, 43 anos, irá novamente a júri nesta quinta-feira (15), no Foro Central de Porto Alegre.
Ele responde por tentativa de feminicídio com quatro qualificadoras: motivo torpe, dissimulação, meio cruel em razão de asfixia e a questão de gênero em si.
O primeiro julgamento ocorreu em 3 de julho deste ano e terminou sem desfecho após cerca de 13 horas de sessão. A juíza da 4ª Vara do Júri, Cristiane Busatto Zardo, decidiu dissolver o Conselho de Sentença (formado pelos sete jurados) e encerrar a sessão.
Segundo o Judiciário, a decisão da magistrada se deu porque “após desentendimento acalorado entre Ministério Público e defesa, não houve mais condições de dar continuidade ao julgamento”.
Segundo o promotor de Justiça Eugênio Amorim, que atuará em plenário, a vítima começou a ser asfixiada dentro do carro e só sobreviveu porque um outro motorista que passava pelo local percebeu as agressões.
Histórico de agressões
Em janeiro de 2020, a mulher relatou a Zero Hora como teriam acontecido as agressões. Segundo ela, após expor o caso nas redes sociais, passou a ser procurada por outras ex-namoradas de Pacheco, que também relatam ter sido vítimas. Pacheco tem histórico de agressões contra outras nove ex-namoradas desde 2001, com vítimas na Capital, em Gravataí, Brasília e Barcelona, na Espanha.
Atualmente, ele está preso na Penitenciária Estadual de Canoas.
Contraponto
Procurado pela reportagem de Zero Hora, o advogado Leandro Pereira, que defende o réu Thiago Guedes Pacheco, manifestou-se por WhatsApp. Confira a manifestação:
"Nesse processo se observa uma indústria de caça aos homens. É uma indústria em que, de forma absolutamente desnecessária e estranha ao processo penal, se observa que a manutenção desse jovem preso tem origem em um certo espírito de vingança implacável por parte da suposta vítima e jamais uma busca de justiça. Não houve, em hipótese alguma, o crime tipificado na denúncia de tentativa de feminicidio. Esse processo é um escândalo jurídico.
O inquérito policial, a ação penal e o júri foram contaminados pelas insistentes entrevistas da suposta vitima, inclusive depois da dissolução do júri em 02 de julho. E em um país sério jamais uma pessoa sofreria uma pena antecipada, como este homem, ficando cinco anos preso sem julgamento e mesmo que nenhum risco ofereça a sociedade. O Instituto da prisão preventiva merece ser revisto e melhor aplicado no Brasil. Hoje os homens já entram condenados desde a delegacia de polícia. Não podem sequer falar, pois suas palavras não têm valor algum para o sistema judicial como um todo. Tudo virou uma aberração jurídica neste país.
Eu acredito que vai haver um desfecho sim, e eu acredito pela absolvição desse homem, eu acredito nisso. De qualquer forma, vai ter que ser solto, porque já cumpriu a pena de forma antecipada e absolutamente ilegal".