Seis investigados pela Operação Escobar, desencadeada na quarta-feira (28), nos vales do Sinos e Paranhana, seguem foragidos. Além disso, apenas cinco dos 30 automóveis que tiveram o sequestro determinado pela Justiça foram recolhidos pela Polícia Civil durante a ofensiva.
A operação cumpriu 48 mandados de busca e apreensão domiciliar e nove pedidos de prisão preventiva em oito cidades na quarta-feira. Segundo a polícia, os suspeitos e veículos não foram apreendidos porque não estavam nos locais indicados pelas investigações.
A polícia explica que a frequente circulação desses carros é uma tática usada pelos criminosos para despistar as forças de segurança. A investida teve como foco o combate a um esquema de lavagem de dinheiro promovido por uma organização criminosa ligada a uma facção sediada no Vale do Sinos.
Os carros apreendidos estão recolhidos na sede do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) em Porto Alegre, aguardando pela definição da polícia sobre qual destino receberão. Entre os modelos apreendidos há utilitários como caminhonetes e picapes. Já entre os que seguem em circulação há modelos de alto padrão, como uma Lamborghini, pertencentes a suspeitos.
Como o bloqueio desses veículos já foi determinado judicialmente, eles podem ser abordados e retidos a qualquer momento, seja a partir de imagens do cercamento eletrônico ou de barreiras da Polícia Rodoviária Federal (PRF), por exemplo.
A Justiça também concedeu o bloqueio de R$ 22 milhões de reais — sendo R$ 1 milhão de cada um dos 22 investigados pela operação. Também foram apreendidos R$ 27 mil e US$ 2.020 em espécie.
De acordo com a polícia, durante o cumprimento dos mandados de busca e apreensão foi recolhida farta documentação que será analisada e usada para comprovar o esquema de lavagem de dinheiro.
Os presos
Os três presos durante a operação têm envolvimento com uma organização criminosa relacionada ao tráfico de drogas. O mais velho é um homem de 38 anos com antecedentes por receptação, porte ilegal de arma de fogo e tráfico de entorpecentes.
Outro suspeito é um homem de 28 anos com passagens por furto, roubo majorado, tráfico de entorpecentes, porte ilegal de arma de fogo e receptação. O terceiro preso é um jovem de 23 anos, com antecedentes por roubo majorado, extorsão, associação criminosa, dano, receptação, porte ilegal de arma de fogo e tráfico de entorpecentes. Os nomes deles não foram divulgados.
O esquema
De acordo com a Polícia Civil, o esquema funcionava por meio de ocultação e dissimulação de propriedade de bens, como imóveis, incluindo propriedades rurais e automóveis. A apuração identificou o uso de contas bancárias para circulação de valores e posterior reintegração, com aparência de licitude.
Empresas também eram usadas no esquema de duas formas: na intermediação da compra e venda de bens móveis para os criminosos por meio de laranjas e na mescla de valores do faturamento com quantias vindas do crime.
A polícia apurou também que armas estariam sendo trazidas de outros Estados para abastecer o arsenal da facção e para revenda. Quem coordenava o recebimento de armas e drogas, segundo a investigação, era um homem de 52 anos apontado como líder do grupo. Ele segue foragido.
A investigação teve acesso a anotações eletrônicas que demostravam carregamentos de dezenas de armas de fogo, que eram escondidas em compartimentos secretos de veículos. A mesma tática era usada para camuflar drogas, que tinham as cargas divididas por peso, em uma espécie de consórcio.