Laís Basílio, uma jovem de 23 anos, mobilizou a comunidade brasileira na Irlanda ao afirmar que estava lutando contra um câncer de medula. Após mais de um ano arrecadando doações por meio de vaquinhas online e Pix, Laís admitiu que havia mentido sobre a doença, tendo lucrado pelo menos R$ 36 mil com o golpe. Dias depois que o caso ganhou repercussão nas redes sociais, a página da vaquinha foi retirada do ar. As informações são do jornal O Globo.
O perfil "Pobre na Irlanda", com mais de 122 mil seguidores no Instagram, publicou no domingo (11) um vídeo que mostra Laís no aeroporto, supostamente retornando ao Brasil. Além disso, a página compartilhou um resumo detalhado da situação, explicando como Laís fingiu ter câncer para conseguir doações.
De acordo com o perfil, Laís criou a campanha alegando que precisava encontrar um doador de medula e foi muito ativa nas redes sociais, chegando a participar de podcasts e conceder entrevistas à imprensa. Ela também publicou fotos em um hospital, mas, conforme as denúncias, essas imagens são falsas, sendo retiradas da internet. Essas inconsistências começaram a levantar suspeitas entre os que acompanhavam os relatos.
Laís admitiu que toda a história foi inventada por ela, sem que nem mesmo seus familiares soubessem da mentira. Em dezembro de 2023, ela começou a compartilhar nas redes sociais que havia sido diagnosticada com câncer de medula e que precisava urgentemente de um transplante. Laís alegou que, devido à doença, teve que deixar seu emprego e estava sem condições financeiras para se sustentar.
— Eu iniciei isso botando a cara aqui e vou terminar botando a cara. Eu estou aqui para arcar com isso e gostaria muito de pedir perdão a toda a comunidade brasileira e toda a sociedade oncológica. Eu espero, de verdade, que depois que isso passe, vocês continuem tendo apoio — disse a jovem em vídeo publicado nas redes sociais.
Antes de ser desmascarada, a jovem recebeu apoio de muitas pessoas, especialmente dos brasileiros que vivem na Irlanda. A revelação da farsa gerou indignação entre seus apoiadores. Gabriela Cruz, que vive na Irlanda há nove anos, foi uma das pessoas que mais se engajaram na divulgação do caso de Laís.
Gabriela contou que a campanha ganhou força com o apoio de um brasileiro que se tornou uma figura conhecida em Dublin após salvar uma criança de um esfaqueamento, além do suporte de uma ONG brasileira que auxilia pessoas com câncer na Irlanda.
— Eles fizeram um vídeo que teve mais de 400 mil visualizações. Esse brasileiro, inclusive, me disse que o caso da Laís foi protocolado junto com o embaixador para sancionar uma lei que permitisse aos brasileiros doar sangue e medula aqui, pois eles se negam a fazer o exame de chagas — explicou Gabriela.
A revelação dela causou uma onda de indignação nas redes sociais, com comentários revoltados no vídeo postado por Laís.
"O que você fez foi muito cruel, muito sério! Foi um desrespeito, uma afronta a todos nós que estamos na luta contra o câncer! Você não tem noção do quanto as suas ações atingiram o nosso emocional! Deus queira que você nunca tenha um câncer. Você precisa de tratamento psiquiátrico e psicológico. Você foi longe demais", diz um dos comentários.
Após a revelação de que a história era falsa, Gabriela e outras pessoas da comunidade decidiram procurar a polícia para entender quais medidas poderiam ser tomadas.
— O sargento disse que as pessoas doaram dinheiro porque elas quiseram, que isso não poderia ser registrado como fraude. Ele falou que como a vaquinha ainda está aberta, porque ela fica aberta até você bater a meta, as pessoas têm o direito de denunciar e pedir o dinheiro de volta — relatou Gabriela.