A tarde de domingo (23) serviu para que familiares e amigos da advogada Alessandra Dellatorre participassem de uma missa em memória dela. O corpo da jovem, de 29 anos e moradora de São Leopoldo, foi encontrado há cerca de duas semanas e identificado, após dois anos de seu desaparecimento. Os restos mortais dela foram achados num terreno pertencente ao Exército, numa área de mata. A Polícia Civil não encontrou sinais de crime, mas as investigações prosseguem.
A missa em homenagem a Alessandra aconteceu na Paróquia Santa Catarina de Alexandria, no bairro São José, em São Leopoldo. Quase uma centena de pessoas compareceu, entre amigos, familiares e religiosos (a família é profundamente católica). Uma comitiva de freiras da ordem de Madre Tereza de Calcutá, em hábitos tradicionais, entoou cânticos, que foram acompanhados do toque de violão. Muita gente chorou. Cada um dos participantes recebeu um folheto impresso, colorido, com a foto de Alessandra e um trecho da Bíblia que fala: "Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda que esteja morto, viverá. E todo aquele que vive, e crê em mim, nunca morrerá".
Alessandra estava desaparecida desde a tarde de 16 de julho de 2022 e foi vista pela última vez caminhando na Avenida Unisinos, em São Leopoldo, em trajes esportivos. Não carregava celular e nem documentos, como fazia quando ia se exercitar.
Foram dois anos de buscas, inclusive com ajuda de investigadores particulares contratados pela família de Alessandra, até que a ossada foi encontrada por militares, na mata.
Na missa realizada neste domingo, alguns conhecidos dela comentaram o fato de que um moletom usado pela advogada no dia do desaparecimento foi achado a cerca de 400 metros do corpo. Ela também estava sem os tênis usados para prática esportiva.
Sobre o moletom e os tênis, policiais que participam da investigação não descartam que tenham sido furtados já depois da morte ou desmaio de Alessandra. O delegado Mário Souza, diretor do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) da Polícia Civil, ressalta que a principal hipótese não é de crime. Isso porque as roupas não estão rasgadas, os ossos e outras partes do corpo estavam juntos, sem marcas de tiros ou facadas. E toda a ossada posicionada num mesmo pedaço de terra. Além disso, ela estava vestida, o que não condiz com suposição de abuso sexual, por exemplo. De qualquer forma, as investigações prosseguem.
Pelo exame de uma garrafa usada por Alessandra, a perícia constatou que ela ingeriu uma mistura de medicamentos e bebidas energéticas, não sendo afastada a hipótese de um mal súbito. Entre as substâncias encontradas estava uma utilizada para tratar Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH).
Uma fila de pessoas se formou ao final da missa para consolar Eduardo e Ivete Dellatorre, pais de Alessandra, que estavam na frente do púlpito da igreja. À reportagem, Eduardo desabafou:
— O passado, não podemos mudar. O presente é tudo que temos. A partir dele posso dar um conselho aos pais: desfrutem cada minuto com seus filhos, com sua família. Viva com eles, viva eles. E o futuro? A Deus pertence.