Enquanto apuravam um esquema de tráfico de drogas vindas de Santa Catarina para Gravataí, na Região Metropolitana, policiais civis chegaram ao nome de um homem que já vinha sendo procurado por outros crimes. O foragido, de 28 anos, é apontado como um dos envolvidos num assalto milionário a um depósito de celulares em Porto Alegre, e também a homicídios em Alvorada, na Grande Poo Alegre. A apuração levou ao paradeiro do investigado, que foi preso nesta quinta-feira (2) no Estado catarinense.
Ainda na quarta-feira (1º) agentes da 2ª Delegacia de Polícia de Gravataí viajaram a Santa Catarina para monitorar os passos do foragido. Ao menos desde o ano passado, ele estaria morando no Estado vizinho. Uma casa alugada em Biguaçu, na Grande Florianópolis, foi identificada como o possível local de refúgio do suspeito. Na manhã desta quinta-feira, os policias seguiram até a casa, com apoio da Delegacia de Roubos e Antissequestro da Diretoria Estadual de Investigações Criminais da Polícia Civil catarinense.
— Num primeiro momento, ele chegou a pegar a arma que tinha em poder. É alguém que, pelo perfil, com certeza tem muitos inimigos. Mas quando ele viu que era realmente a polícia, deixou a arma, ingressamos no imóvel e efetuamos a prisão dele — explica o delegado Joel Wagner, da 2ª DP de Gravataí, que coordena a investigação.
Com o preso, os policiais apreenderam uma pistola de calibre 9 milímetros, e munições de mesmo calibre. Em razão disso, além dos dois mandados de prisão que já tinha em aberto, também foi feito flagrante pelo crime de porte ilegal de arma de fogo de uso restrito. Na casa, além do foragido, estavam familiares dele.
Segundo a polícia, a investigação que resultou nesta prisão se iniciou há pelo menos oito meses. Os policiais detectaram um esquema de envio de entorpecentes, especialmente de cocaína, vindos de Santa Catarina para Gravataí. O homem preso é investigado como um dos responsáveis pela distribuição das remessas de drogas para o Estado. O nome do preso não foi divulgado pela Polícia Civil.
Mortes e fuga de penitenciária
Além do esquema de tráfico, o homem já tinha mandados de prisão por suspeita de participação em dois crimes graves. Um dos casos do qual o homem é suspeito de participação é o assassinato de quatro pessoas decapitadas. Em novembro de 2016, quatro corpos foram localizados dentro de um carro. As vítimas tinham entre 19 e 21 anos, e foram decapitadas. Os corpos estavam num veículo que havia sido roubado em Porto Alegre. O preso nesta quinta-feira é apontado como um dos executores deste crime, e chegou a ser preso durante a investigação, em Tapes, no sul do Estado.
Em outubro de 2017, no entanto, o preso era mantido na Penitenciária Estadual de Venâncio Aires, no Vale do Rio Pardo, de onde escapou. A fuga dos sete presos que estavam na mesma cela foi percebida no início da manhã de um sábado, no momento em que foi realizada a conferência dos apenados. Os presos serraram as grades da cela 1 da galeria B, pularam para a parte externa da cadeia e fugiram por um buraco na tela.
Outro crime, do qual o mesmo homem é suspeito de participação, é o assalto a um depósito da Multisom, em novembro de 2018, na Capital. Na ação, os criminosos levaram 1.944 telefones celulares, num roubo envolvendo mais de de uma dezena de assaltantes e seis veículos, incluindo dois caminhões. A estimativa é de que o roubo tenha levado a um prejuízo de até R$ 5 milhões.
O caso teve início num condomínio localizado no bairro Humaitá, onde o filho de um funcionário que trabalhava havia 30 anos na Multisom foi abordado por parte do bando ao chegar ao local e abrir o portão eletrônico. O pai do jovem percebeu a confusão, deixou o apartamento da família para ver o que estava acontecendo e foi rendido, junto do rapaz e de outros dois vizinhos, que passavam pelo local.
Na sequência, os quatro foram levados até o depósito, onde o restante da quadrilha já aguardava, com toucas, luvas e mais armas. O funcionário foi obrigado, então, a abrir o depósito e a indicar onde ficavam guardados os celulares. Os aparelhos telefônicos foram carregados para dentro um dos caminhões do grupo.
Segundo a Polícia Civil, além desses crimes, o homem é suspeito de participação em outra série de homicídios no município de Alvorada.
— Essa prisão é importante não só pelo fato de o indivíduo que possui várias antecedentes por crimes patrimoniais e delitos contra a vida, e que poderia praticar tanto roubos quantos homicídios, como também porque ele estava sendo investigado por tráfico de drogas, e porque poderia continuar trazendo esses entorpecentes para Gravataí e Região Metropolitana — diz o delegado Wagner.