Em 18 de março, há cerca de um mês, a Polícia Civil realizou a apreensão de um lança-foguetes em um depósito clandestino de armas em Lajeado, que seria administrado por uma facção criminosa do Estado. No mesmo local, os agentes apreenderam ainda um fuzil de calibre 556, dois revólveres e uma pistola. O armamento de guerra, capaz de derrubar aeronaves e abater veículos militares, segue tendo sua origem rastreada pelos agentes.
A apreensão do lançador de foguetes ocorreu durante a Operação Efeito Colateral, do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). A arma foi encontrada no pátio do imóvel usado como depósito de armas, embalada em sacos plásticos e ocultada por tábuas e uma escada. O míssil, que é a munição disparada por meio do lançador, não foi encontrado no local. No momento da apreensão ninguém foi preso, e a investigação prossegue para determinar quem estava de fato com a posse dos armamentos.
— O objetivo principal daquela operação era encontrar o depósito, e nós encontramos. O trabalho de investigação é constante, o objetivo em Lajeado foi cumprido, e agora seguimos no caminho de responsabilizar quem forneceu, quem armazenava o armamento e também confirmar a sua origem — afirma o diretor do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), Mario Souza.
Após a apreensão por parte da Polícia Civil, o lança-foguetes se encontra agora em posse do Exército brasileiro, ainda no Rio Grande do Sul, para a realização de exames periciais. O armamento não é de uso das Forças Armadas nacionais, e hoje é principalmente fabricado em países como Estados Unidos, Austrália, Noruega e Turquia. Ainda não há uma projeção de prazo para o fim das análises.
— É um trabalho complexo, por ser um armamento incomum no Brasil. Seja pelo poder de persuasão que impõe, seja pela própria capacidade de uso, é um armamento diferenciado, utilizado em guerras pelo mundo. Em um primeiro momento, o mais importante era tirar de circulação e impedir seu uso aqui — reforça o diretor do DHPP.
Investigação ampla
O lança-foguetes foi encontrado durante uma operação relacionada à investigação de uma facção atuante no Estado. As armas encontradas no depósito seriam deste grupo criminoso, nascido no Vale do Sinos e que se ramificou pelo território gaúcho por meio do tráfico de drogas.
A apreensão foi resultado dessas investigações, que se iniciaram na Serra para combater os homicídios na região. Uma equipe da 6ª Delegacia de Homicídios de Porto Alegre, que integrou o reforço policial em Caxias do Sul, conseguiu mapear um dos esconderijos onde o grupo criminoso estaria armazenando armas.
A suspeita era de que esse depósito fosse um dos pontos que poderia servir de abastecimento para a facção na Serra. Assim que conseguiram identificar o local exato, os policiais foram até o imóvel e encontraram os armamentos.
— Essa é uma investigação ampla, profunda, que pode demorar vários meses. A apreensão dos armamentos no depósito ocorreu no âmbito dessa investigação, e desde então, já fizemos diversas outras diligências, que são constantes, no intuito de identificar e realizar as prisões dos responsáveis por manter aquele depósito de armas em Lajeado — complementa o diretor do DHPP, Mario Souza.
O armamento
O lançador de foguetes encontrado é do modelo M72 LAW, calibre 66 mm, que foi inventado na época da Guerra do Vietnã. O armamento ainda é usado em muitos dos conflitos modernos, inclusive nos combates entre Rússia e Ucrânia e entre Hamas e Israel.
O Exército brasileiro usa uma arma similar, o AT-4. O M72 é chamado de arma anticarro — no caso, carro de combate. Usa um projétil em forma cônica na ponta, colocado pela parte de trás do lançador e com alto teor explosivo, capaz de penetrar na couraça do blindado e incinerar seus ocupantes.