A Polícia Civil prendeu seis pessoas na manhã desta quarta-feira (17) em operação contra caça ilegal no Estado. Os suspeitos foram detidos nas cidades de Eldorado do Sul, Triunfo, Taquari e Arroio dos Ratos. Dezoito pessoas foram alvo de 27 mandados de busca e apreensão.
Segundo informações da Delegacia do Meio Ambiente, mais de 60 armas foram apreendidas — entre regulares e irregulares. Os seis homens foram presos em flagrante por posse ilegal de arma de fogo. Alguns deles são empresários, conforme a polícia, que não divulgou a idade deles.
A apuração começou em maio do ano passado. Segundo a delegada Sámieh Saleh, os caçadores, utilizando autorização para o abate de javalis, matavam também outros animais silvestres, o que é proibido. O grupo usaria método cruel e arma de fogo.
— Há informação de que, além de javalis, abatiam capivaras, tatus, veados e aves silvestres. A investigação continua — afirmou a delegada.
Como as licenças para a caça de javali eram emitidas para a cidade de Rosário do Sul, a polícia acredita que grande parte das ações era praticada lá.
Conforme a Delegacia do Meio Ambiente, durante as investigações foi identificada a prática de caça ilegal de animais silvestres e exóticos, posse e porte ilegal de arma de fogo, crueldade contra animais e associação criminosa por parte dos suspeitos.
Treinamento de cães
A Polícia Civil obteve vídeos, ao longo da investigação, que mostram os cachorros atacando porcos. O grupo, de acordo com as imagens, usava porcos vivos para treinar cães de caça. A apuração policial aponta que os animais sofreram ferimentos causados por javalis durante caças. Também há suspeita do uso de coleiras de choque.
Há indícios de que a carne dos animais caçados era comercializada, o que tipifica crime contra as relações de consumo diante da ausência de procedência da carne.
Carne sem procedência, que seria de javali, foi apreendida em refrigeradores de imóveis que foram alvos de mandados judiciais cumpridos pela polícia. Conforme os investigadores, em uma das conversas, um dos suspeitos alerta outro que a carne do javali abatido estaria "com inflamações e podre".
Há indícios ainda de que colecionadores, atiradores desportivo e caçadores (CACs) emprestavam arma a terceiros, que não possuem autorização, para utilização nas caçadas.
Além de 120 policiais civis, a ação contou com o apoio da Secretaria Estadual do Meio Ambiente, Polícia Rodoviária Federal e Brigada Militar.
Os investigados poderão responder pelos seguintes crimes:
- Crime de caça ilegal — art. 29 da Lei de Crimes Ambientais
- Maus-tratos a animais domésticos e silvestres — art. 32 da Lei de Crimes Ambientais
- Porte e posse ilegal de arma e munições — art.12 e art.14 da Lei 10826
- Associação para cometer crimes — art. 288, Código Penal
- Crimes contra a relação de consumo — art. 7, inciso II, da Lei 8137