Prometida para maio de 2023, a 2ª Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (2ª Deam) de Porto Alegre deve ser inaugurada até a metade deste ano. O anúncio foi feito nesta quinta-feira (4) pelo titular da Secretaria da Segurança Pública (SSP/RS), Sandro Caron. A nova promessa ocorre depois que uma reportagem do Grupo de Investigação da RBS (GDI) apontou problemas causados por falta de efetivo na 1ª Deam, que fica junto ao Palácio da Polícia.
A expectativa é que a segunda delegacia ajude a desafogar o trabalho da 1ª Deam e facilite o atendimento às mulheres que vivem na Zona Norte, região que registra diversos casos de violência doméstica. Atualmente, a 1ª Deam acaba recebendo toda a demanda da Capital. Em 2023, 13 mil mulheres registraram ocorrência em Porto Alegre, conforme dados divulgados pela Polícia Civil em 8 de março, Dia Internacional da Mulher.
Nesta quinta, Caron afirmou que o atraso na inauguração ocorre em razão de entraves burocráticos:
— (As equipes) Ainda não haviam conseguido implantar (a delegacia) porque estavam realizando os últimos trâmites burocráticos para ocupar um prédio junto com outros órgãos do Estado. Já fizeram algumas obras para acessibilidade. A nossa perspectiva é ela já estar funcionando até o meio do ano, entre junho e julho — disse em entrevista ao programa Atualidade, da Rádio Gaúcha.
O novo espaço deve funcionar no Vida Centro Humanístico, na Avenida Baltazar de Oliveira Garcia.
Em reportagem divulgada na quarta (3), o GDI mostrou que mulheres vítimas de violência estariam deixando de registrar boletins na polícia em razão da demora e de dificuldades para serem atendidas na 1ª Deam. O problema ocorreria por falta de efetivo e excesso de ocorrências. No plantão diurno do último domingo, dia 31 de março, por exemplo, quatro mulheres desistiram de registrar ocorrência por causa da demora. Fontes relatam também bate-boca entre policiais militares e civis, assustando mulheres que esperavam atendimento.
O secretário afirmou que os problemas na delegacia não foram relatados a ele e que o cenário lhe causou "profunda indignação". O chefe da Polícia Civil, delegado Fernando Sodré, também disse que foi surpreendido com os problemas de falta de pessoal e de estrutura no plantão da 1ª Deam.
— É um absurdo, algo que não poderia ter acontecido. Eu sempre enfatizei, desde o primeiro discurso da minha gestão, a necessidade de priorizarmos esse tema, de conscientizarmos as mulheres. Então nós não podemos aceitar mulheres vítimas de violência irem a uma repartição policial e acabarem desistindo em razão da demora. Agora vamos apurar porque essa informação de falta de atendimento não chegou à chefia de polícia nem à secretaria. É muito grave. O chefe de polícia já está verificando o que ocorreu — disse o secretário Sandro Caron.
Caron afirma que, desde quarta, cinco policiais foram transferidos para a 1ª Deam, para reforçar o atendimento.
— Se tiver que botar mais 10, 20, 30 policiais civis lá, para dar esse atendimento, nós vamos colocar.
Tornozeleiras a agressores
O secretário também falou sobre o programa de monitoramento a agressores de mulheres, por meio de tornozeleiras eletrônicas colocadas em homens. Caron afirma que atualmente 96 agressores são monitorados eletronicamente dentro do programa — o que ocorre somente mediante determinação judicial. A expectativa do governo é que até o final deste ano o programa já tenha sido implantado em todo o Estado.
Morte de pai e filho é prioridade
Na entrevista, o secretário também falou sobre a morte de pai e filho durante um assalto a um mercadinho da família em Muliterno, no norte do RS, na manhã de domingo (31). As vítimas são o comerciante Luiz Brollo Sobrinho, 71 anos, e seu filho, Fábio Júnior Brollo, 44. Outro homem, que também é filho de Luiz, ficou ferido após levar uma coronhada.
Caron disse que as investigações do caso estão bem adiantadas e que o município recebe reforço de policiais que atuam para esclarecer o fato.
— Um fato grave como esse merece uma resposta rápida e firme do Estado. Não posso dar maiores detalhes ainda, para não prejudicar o trabalho, mas temos reforço lá e as investigações estão avançando muito bem. Colocamos em nível de prioridade, dada a gravidade da situação, para que haja uma resposta rápida e firme das forças de segurança.
Morte de adolescente na Capital
Caron comentou ainda sobre a morte do adolescente João Vitor Macedo, 15 anos, após levar um tiro no peito no Beco dos Marianos, na zona leste da Capital. O jovem foi encontrado ferido na última quinta-feira (28), no bairro Agronomia, e morreu em atendimento no Hospital de Pronto Socorro.
Segundo a mãe do jovem, Juliana Lopes Macedo, 34 anos, ele estava com outro adolescente na Avenida Bento Gonçalves, por volta das 21h. Ela afirma que policiais civis atiraram no filho.
O caso é investigado pela corregedoria da Polícia Civil, junto com a 5ª Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa.
— É outro caso em que os trabalhos estão bem avançados. Surgiu a possibilidade de envolvimento de integrantes da segurança, de modo que imediatamente o inquérito foi avocado pela corregedoria da Polícia Civil. Também determinamos total prioridade, eu e o delegado Sodré estamos acompanhando os trabalhos de cima. Inclusive foi dado reforço de efetivo para a investigação. Também é uma situação de extrema gravidade e queremos sim dar uma resposta rápida e efetiva, apurando os responsáveis pelo homicídio.
Como a investigação está em andamento, o secretário afirma que não pode repassar mais detalhes, "sob pena de prejudicar" o trabalho.