— Tem sido muito difícil. Eu estou tentando seguir, inclusive com a luta que era dela — diz Vinícius Stone, namorado de Sarah Silva Domingues, de 28 anos, estudante de Arquitetura da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), morta a tiros enquanto fazia trabalho acadêmico na Ilha das Flores, em Porto Alegre, em 23 de janeiro deste ano.
Ao longo dos últimos meses, a família de Sarah e o companheiro lidaram não apenas com a perda, mas com o processo para levar o corpo da jovem até São Paulo, onde foi enterrado.
— Para além de toda a dor da perda, do luto, a gente também tem que enfrentar uma série de obstáculos legais. Eu ouvi de diversas autoridades que ela estava na hora errada e no lugar errado. Que país é esse que tem hora e lugar para a agente estar. Então, ela estava na hora e lugar que ela queria estar — pontua Vinícius.
Familiares da vítima esperam por uma resolução do crime que tirou a vida da jovem. Sarah era militante do movimento estudantil, foi coordenadora do Diretório Central dos Estudantes (DCE), diretora da União Nacional dos Estudantes (UNE) e integrou o Conselho Universitário da UFRGS.
Relembre o caso
Na noite de 21 de fevereiro, a polícia civil prendeu preventivamente o traficante Maicon Donizete Pires dos Santos, conhecido como "Red Nose". Ele estava foragido e foi capturado em Garopaba, Santa Catarina.
Conforme o diretor do Departamento Estadual de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Porto Alegre, delegado Mario Souza, as investigações apontam que a morte de Sarah pode ter sido executada por um grupo criminoso, da zona norte da Capital, com o qual Maicon tem envolvimento.
— É uma pessoa inocente que morreu devido a essa violência. Esse grupo criminoso faz parte do criminoso que foi preso em Garopaba. Então, a morte da estudante da UFRGS, existe indícios fortes, de que está ligada a esse grupo criminoso da Zona Norte, que resultou em várias outras mortes durante o ano de 2023 — salienta Souza.
De acordo com o 9º Batalhão de Polícia Militar (9º BPM), Sarah estava em frente a um mercado da região quando o crime aconteceu. Moradores relataram à polícia que dois homens em uma motocicleta chegaram ao local, desceram do veículo e atiraram com armas de fogo contra a estudante, que conversava o proprietário do mercado, Valdir dos Santos Pereira.
Sarah e ele morreram na hora, informou a Brigada Militar (BM). Foram disparados pelo menos 15 tiros. Sarah foi atingida no peito e também em um dos braços. A mulher do comerciante estava nos fundos do local e sobreviveu.
O alvo dos criminosos seria o dono do estabelecimento. A polícia acredita que ele estaria incomodado com o tráfico de drogas na região. Além de Maicon, foram presas outras seis pessoas, entre eles o mandante e dois executores. Outras cinco pessoas são investigadas por participação no ataque.