Uma semana depois de ter sido baleada na cabeça, dentro de casa, em Alvorada, uma menina de três anos segue internada em um hospital da cidade, sob observação, em estado estável e sem risco de morte. Os tiros foram disparados da rua, no bairro Formoza, no último dia 27, e o caso é investigado pela Polícia Civil do município da Região Metropolitana, que tenta identificar os autores do ataque.
O fato ocorreu no começo da madrugada de uma terça-feira, quando criminosos efetuaram disparos em frente à casa da família. Um dos tiros atravessou a porta da residência e atingiu a criança na cabeça, de raspão. Até o momento, a investigação indica que pelo menos dois suspeitos praticaram a ação. As equipes buscam imagens e outros materiais para esclarecer o caso.
— Não sabemos se eles desceram do veículo para atirar ou disparam do carro. A única coisa que dá para afirmar é que atiraram em direção à porta da residência. Não chegaram a ingressar no pátio — diz o delegado Edimar Machado de Souza, que atua na delegacia de Homicídios de Alvorada.
A polícia afirma que a família não tem antecedentes criminais nem envolvimento com o crime, e diz que apura a motivação para os disparos. No bairro, há pontos de venda de drogas, mas disputas e tiroteios não são comuns no local, segundo moradores e policiais.
— Não tem como definir até o momento qual a intenção dos autores e quem seriam os alvos — diz o delegado.
"Ela acorda gritando"
Não há previsão de data para a menina receber alta hospitalar. Segundo a mãe da criança, o tiro acertou a menina de raspão na parte de cima da testa. O impacto causou uma fratura no crânio. Ela não passou por cirurgia e tem sido medicada com antibiótico. Quando tiver altar, deve precisar seguir em atendimento com um neurologista. Os nomes da criança e da mãe não são divulgados em respeito ao Estatuto da Criança e do Adolescente (Eca).
— Ela lembra muito do ocorrido, acorda de madrugada gritando. Tem pesadelos, chora. Estamos todos traumatizados. Quando chega de noite, meu filho (de sete anos) começa a se tremer, tem problemas para dormir — conta a mãe.
O irmão da menina tem passado os últimos dias com uma familiar, em outra residência. Enquanto isso, a mãe tem ficado mais no hospital, para atender à caçula.
No dia dos disparos, além dos dois pequenos, estavam na casa a mãe e o pai das crianças, e outras duas familiares. Eles dormiam, enquanto a mãe e a menina estavam na sala vendo televisão.
A mulher conta que se levantou do sofá ao ouvir um grito seguido dos tiros:
— Quando eu ouvi um grito, já me levantei e começou os tiros. Fui em direção ao quarto, e acho que nesse momento que um tiro pegou nela. Atravessou a porta. Percebi quando olhei para o meu braço e minha roupa, que estava com muito sangue. Ela estava sangrando muito. Aí, corremos com ela para o hospital.
Ela afirma que ao menos 10 disparos teriam sido efetuados contra a casa e atingido, além da porta, geladeira, fogão e armário, além de objetos de trabalho da mulher, que atua no cuidado com cílios e sobrancelha e está impossibilitada de trabalhar.
Festa de aniversário horas antes
A mesma casa onde ocorreu o ataque estava decorada com balões e repleta de amigos horas antes. No domingo (25), a família havia comemorado com festa o aniversário de três anos da menina — completos no dia 16. O ataque ocorreu por volta de 0h40min de terça (27).
A mãe afirma que mora no local há 10 anos e que nunca havia presenciado episódios do tipo no bairro:
— É bem calmo, tranquilo. Nunca vi tiroteio na minha rua. A gente não sabe até agora o que aconteceu.