Dado sobre os crimes de feminicídio ocorridos em 2023, divulgado nesta quinta-feira (29), traz um panorama sobre quem são as vítimas e quem os comete no Estado. Os dados mostram um compilado dos 87 casos registrados no ano passado, distribuídos em 62 municípios gaúchos.
Enquanto a maior parte das mulheres mortas era jovem, com idade entre 18 e 24 anos, a maioria dos autores de assassinatos tinha de 35 a 39 anos. Mas o levantamento também indica semelhanças entre as partes: em geral, são pessoas solteiras, brancas e que estudaram até o Ensino Fundamental. Além disso, mais da metade das vítimas nunca tinha denunciado o agressor à polícia.
Caxias do Sul, na Serra, foi o município que mais registrou esse tipo de crime em 2023, com seis casos. Pelotas, com quatro, e Erechim, Porto Alegre e Vacaria, com três registros cada, completam a lista com mais casos.
O compilado foi feito pela Divisão de Proteção e Atendimento à Mulher (Dipam) da Polícia Civil e comandado pela diretora, delegada Cristiane Ramos.
Quem são as mulheres mortas no RS
Das 87 vítimas, 24% tinham entre 18 e 24 anos. Na sequência, vêm as mulheres de 25 a 29 (16%) e de 35 a 39 (16%), seguidas pelas de 30 a 34 (9%), de 45 a 49 (8%) e de 40 a 44 (7%). Em 2023, a vítima mais jovem tinha 16 anos, e as duas mais velhas tinham 80. No geral, a média de idade é de 36,6 anos.
A maioria delas, 74%, era branca. Outros 14% eram pardas e 10% eram pretas.
Quanto ao estado civil das mulheres, 71% eram solteiras, 11% eram casadas e 7% eram viúvas.
A maior parte das vítimas, 63%, concluiu o Ensino Fundamental e largou os estudos. Já 19% cursaram o Ensino Médio e 5% chegaram ao Ensino Superior.
Além disso, 64 das 87 vítimas eram mães, e 32 tinham filhos com o próprio autor do feminicídio.
Quem são os homens que mataram mulheres em 2023 no RS
A Polícia Civil não divulgou quantos homens tiveram os dados analisados no compilado, mas afirma que 72% dos autores de feminicídio em 2023 foram presos. Outros 9% cometeram suicídio.
A maioria deles, 78%, possuía antecedentes policiais, sendo que 45% tinham passagem por violência doméstica e familiar.
Em dois dos 87 casos, os agressores já haviam tentado cometer feminicídio contra as vítimas anteriormente. Em três episódios, o autor da morte era menor de idade.
Em geral, os agressores de 2023 são brancos (71%), outros 11% são pretos e 10% são pardos. A maior parte deles (70%) é solteira e 14% são casados.
A média de idade dos agressores é de 38,5 anos: 21% têm entre 35 e 39 anos, 14% têm de 25 a 29. Depois, a faixa etária com mais pessoas é a de 30 a 34 (13%), de 45 a 49 (11%), de 40 a 44 (8%) e de 18 a 24 (8%).
Em relação à escolaridade, 70% completaram o Ensino Fundamental. Outros 9% fizeram o Ensino Médio e 2% fizeram o Superior.
Mortes em casa
O mapa divulgado mostra outros aspectos desse tipo de crime, tipificado como um homicídio qualificado. Considerado um desafio para forças de segurança no Estado, o feminicídio é praticado por razões da condição do gênero feminino ou por menosprezo ou discriminação à condição de mulher.
Os 87 casos de 2023 indicam uma queda de 21% em relação ao ano anterior, quando foram registradas 110 mortes.
Das 87 mulheres vítimas de feminicídio no RS no último ano, 75% foram assassinadas dentro de casa. E em mais de 80% dos casos, o autor do crime era o atual ou ex-companheiro.
Em sete desses casos, o assassinato foi praticado na presença de crianças ou adolescentes. Em três episódios, os agressores também cometeram homicídio contra os novos companheiros das mulheres.
Em 86% dos feminicídios, o autor foi o atual ou ex-companheiro da mulher. Apenas em 6% das mortes o autor tinha algum parentesco com a vítima, e somente em quatro elas foram mortas por desconhecidos.
Conforme a Polícia Civil, das 87 vítimas, 57,5% não tinham registrado ocorrência policial contra o autor do crime anteriormente. Do total de mulheres, 82% não tinha medida protetiva vigente na data do crime – a mais comum é a medida judicial que determina que o agressor se mantenha afastado da mulher.