Um pescador estava às margens do Rio dos Sinos em São Leopoldo, na tarde da última quinta-feira (4), quando avistou uma mala. Ao abri-la, deparou com uma cena de horror: um cadáver de uma mulher esquartejado.
Com auxílio da equipe do Instituto-Geral de Perícias (IGP), a vítima foi identificada como uma jovem de 29 anos, que residia no município do Vale do Sinos. O nome não foi divulgado pela Polícia Civil até o momento.
Na tarde da quinta-feira, por volta das 15h, os policiais do 25º Batalhão de Polícia Militar (BPM) foram acionados, após o pescador localizar a mala no rio e encontrar o corpo. O caso passou a ser investigado pela equipe da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de São Leopoldo. Pela gravidade do crime, a investigação é tratada como prioridade, segundo a Polícia Civil.
O que se sabe até o momento
Onde a mala foi encontrada?
A mala foi localizada às margens do Rio do Sinos, num valão próximo da Avenida João Correa, no bairro Vicentina. A área é de difícil acesso e fica perto de uma casa de bombas do Serviço Municipal de Águas e Esgotos (Semae).
Quem é a vítima?
A Polícia Civil se limitou a informar que a vítima é uma mulher de 29 anos, que residia em São Leopoldo. O nome não foi divulgado, para não atrapalhar o andamento das investigações.
Há quanto tempo a vítima estava morta?
O estado em que se encontrava o corpo indica que a mulher teria sido morta no máximo dois dias antes de ser encontrada. As roupas da vítima estavam dentro da mala. Aparentemente, ela estava vestida quando foi esquartejada.
Quais as hipóteses apuradas?
Nenhuma hipótese é descartada pela polícia, mas os investigadores trabalham com duas principais. Uma delas é a de que a mulher tenha sido morta em contexto de gênero, ou seja, possa ter sido vítima de um feminicídio. A outra indica para uma linha diversa, a de que ela tenha sido executada pelo crime organizado.
O caso chama atenção das autoridades pela brutalidade e também por outros detalhes. Episódios de esquartejamentos ou decapitações não são tão incomuns no mundo do crime organizado, especialmente quando envolvem vinganças contra rivais. Ainda assim, alguns pontos neste crime divergem da forma de agir das facções criminosas e tornam o caso mais complexo.
Em geral, quando a execução envolve desavenças entre grupos criminosos, os bandidos costumam deixar o corpo da vítima na área de traficantes rivais, como forma de afronta aos inimigos. Em julho do ano passado, por exemplo, uma cabeça de um homem foi jogada numa calçada na Avenida Moab Caldas, na Vila Cruzeiro, na zona sul de Porto Alegre.
Neste caso de São Leopoldo, o corpo estava depositado no interior de uma mala, aparentemente nova, e foi arremessado no rio, num local de difícil acesso. Esta não é uma forma usual de agir do crime organizado. O que leva a polícia a suspeitar que a motivação possa ter vínculo com algum relacionamento afetivo da mulher.
Ainda assim, o envolvimento de algum grupo criminoso ainda é considerado uma das possibilidades no desfecho deste crime.
Como a mulher foi morta?
A análise pericial deverá indicar de que forma a mulher foi assassinada e se já estava morta quando foi esquartejada. A principal suspeita é de que ela tenha sido morta e depois esquartejada. O laudo pericial também deve indicar se houve luta corporal, por exemplo, e qual instrumento possivelmente foi usado para esquartejar a vítima. Também foram solicitadas perícias na mala onde estava acondicionado o corpo, que podem auxiliar a localizar pistas sobre os envolvidos no crime.
O corpo foi deixado no local em que foi encontrado?
Ainda não se sabe. Para acessar a área, é preciso cruzar um matagal, até chegar as margens do rio. Uma das possibilidades é de que a mala tenha sido deixada em outro ponto, e sido arrastada pelas águas até o local.
A vítima tinha algum histórico criminal?
A mulher já teve envolvimento com o tráfico de drogas. No entanto, não tinha nenhuma posição de liderança em algum grupo criminoso.
Algum suspeito foi preso?
A investigação identificou um suspeito no último fim de semana, mas essa hipótese perdeu força, e outro suspeito passou a ser investigado. Até o momento, ninguém foi preso pelo crime.
Como pedir ajuda em casos de violência contra a mulher
Brigada Militar – 190
- Se a violência estiver acontecendo, a vítima ou qualquer outra pessoa deve ligar imediatamente para o 190. O atendimento é 24 horas em todo o Estado.
Polícia Civil
- Se a violência já aconteceu, a vítima deverá ir, preferencialmente à Delegacia da Mulher, onde houver, ou a qualquer Delegacia de Polícia para fazer o boletim de ocorrência e solicitar as medidas protetivas.
- Em Porto Alegre, a Delegacia da Mulher na Rua Professor Freitas e Castro, junto ao Palácio da Polícia, no bairro Azenha. Os telefones são (51) 3288-2173 ou 3288-2327 ou 3288-2172 ou 197 (emergências).
- As ocorrências também podem ser registradas em outras delegacias. Há DPs especializadas no Estado. Confira a lista neste link.
Delegacia Online
- É possível registrar o fato pela Delegacia Online, sem ter que ir até a delegacia, o que também facilita a solicitação de medidas protetivas de urgência.
Central de Atendimento à Mulher 24 Horas – Disque 180
- Recebe denúncias ou relatos de violência contra a mulher, reclamações sobre os serviços de rede, orienta sobre direitos e acerca dos locais onde a vítima pode receber atendimento. A denúncia será investigada e a vítima receberá atendimento necessário, inclusive medidas protetivas, se for o caso. A denúncia pode ser anônima. A Central funciona diariamente, 24 horas, e pode ser acionada de qualquer lugar do Brasil.
Defensoria Pública – Disque 0800-644-5556
- Para orientação quanto aos seus direitos e deveres, a vítima poderá procurar a Defensoria Pública, na sua cidade ou, se for o caso, consultar advogado(a).
Centros de Referência de Atendimento à Mulher
- Espaços de acolhimento/atendimento psicológico e social, orientação e encaminhamento jurídico à mulher em situação de violência.