Ao menos cinco assaltos foram registrados na região do bairro Auxiliadora, em Porto Alegre, nesta semana. Conforme moradores, os crimes teriam sido cometidos por um mesmo homem, em sequência. Câmeras de segurança flagraram algumas das ações, que mostram o suspeito armado entrando em estabelecimentos, exigindo dinheiro e celulares e depois fugindo. A onda de crimes vem assustando moradores e comerciantes, que pedem medidas para coibir a ação. Eles afirmam ter visto o mesmo homem circulando pelo bairro novamente nesta sexta-feira (19), o que os deixa em alerta.
A Polícia Civil investiga os casos, mas não repassou informações para não "prejudicar a o trabalho". A reportagem apurou que ao menos cinco casos foram registrados junto às autoridades. Dois ocorreram na última segunda-feira (15), em um brechó e uma farmácia. Na quarta (19), um armazém e uma loja de doces foram roubadas. Ainda nesta semana, o homem também teria assaltado um restaurante da região, e rendido clientes.
O primeiro assalto teria ocorrido na segunda em um brechó na Rua Anita Garibaldi. Por volta das 14h30min, o homem entrou na loja e rendeu as duas funcionárias. Ele ordenou que não fizessem barulho e entregassem o dinheiro do caixa. Levou também os celulares das vítimas e pediu até mesmo pelas alianças das mulheres.
Durante a ação, uma cliente entra na loja e o criminoso então finge que está fazendo compras, falando sobre roupas. Quando ela se aproxima, o homem anuncia o assalto e leva pertences dela também.
Segundo uma responsável pelo local, o homem mostrou a arma mais de uma vez durante o delito e fazia diversas ameaças.
— É uma situação muito ruim, as funcionárias estão muito assustadas. No dia seguinte ao roubo, abrimos somente à tarde, mas recebemos relato de que ele teria cometido outro assalto e fechamos. Mas não temos condições de ficar com a loja fechada. Está bem difícil — diz a responsável pelo estabelecimento, que afirma nunca ter sido assaltada até então nos nove anos de funcionamento no local.
Ao sair do brechó, o homem ainda teria pego a chave do local e trancado a porta, deixando as vítimas dentro da loja. Ele ordenou que elas ficassem ali por meia hora, antes de saírem. Uma das funcionárias tinha uma chave extra e conseguiu abrir a porta para chamar a polícia.
Naquele mesmo dia, ele também teria assaltado uma farmácia na Avenida Cristóvão Colombo, a cerca de um quilômetro dali.
Homem deu tapa em idoso
Na quarta, o homem roubou uma mercearia um pouco mais afastada da região, no bairro Higienópolis. Ele rendeu funcionários e clientes por volta das 14h30min. Um idoso que fazia compras no local foi obrigado a deitar no chão e, em outro momento, levou um tapa na cabeça, que foi flagrado por imagens.
No vídeo, o homem aparece dando ordens e tomando cerveja. Na sequência, outro cliente entra na loja. Atrás da vítima, o criminoso lhe segura pelo ombro, saca a arma e a aponta para sua cabeça. O homem larga os pertences no balcão e deita no chão. O assaltante foi embora pouco depois.
O responsável pelo local, de 68 anos, conta que não era assaltado há mais de 10 anos. O armazém funciona há 15.
Até alianças foram levadas
Ainda na tarde de quarta, uma loja de doces, que funciona na Rua 24 de Outubro, também foi roubada. Naquele momento, um casal fazia o atendimento, e teve até itens pessoais levados pelo criminoso.
— De imediato, ele solicitou os celulares e as correntes e brincos da minha esposa, além das nossas alianças. Depois perguntou se tinha mais alguém no estoque, entrou ali para se certificar e nos fez entrar também. Ordenou que deitássemos no chão. No fundo do estoque ainda localizou a bolsa da minha esposa e levou com todos os documentos. Quando saiu, mandou que ficássemos deitados — lembra uma das vítimas.
Investigação e policiamento
Procurada, a Polícia Civil informou que está investigando os casos "como prioridade", e que não divulga mais detalhes para não comprometer a apuração.
O comandante do 11º BPM, que atende o bairro Auxiliadora, tenente-coronel Daniel Araújo, afirmou que o policiamento recebeu reforços para coibir as ações.
— É um tipo de delito que a gente tem se debruçado para evitar, tendo em vista que incomoda, traz risco a comunidade. Sabemos da gravidade e intensificamos ainda mais a presença policial, com policiamento feito com motocicletas e drones e setor de inteligência diariamente buscando mais informações para estabelecer a tranquilidade aos bairros — afirma Araújo.