O estupro e a morte da venezuelana Julieta Hernández, 38 anos, no Amazonas repercute entre grupos de ciclistas e artistas de rua em todo o país. Pelas redes sociais, atos em homenagem à vítima e de protesto contra o crime estão sendo marcados em diversas cidades, entre elas em Porto Alegre.
Julieta residia desde 2016 no Brasil, onde vivia da realização de apresentações circenses de rua. Em 2017, conheceu o porto-alegrense André Tuiga, 38 anos. A amizade nasceu durante um curso de nove meses na Escola Livre de Palhaços, na cidade do Rio de Janeiro. Após o curso, chegaram a trabalhar e viver juntos por dois meses na capital fluminense.
— Julieta deixa esse legado de amor e, mesmo hoje não acreditando na humanidade, nos palhaços de todo o mundo, seguimos levando o riso para todos os cantos dessa Terra, honrando e lembrando da nossa companheira — conta, emocionado.
Tuiga retornou a Porto Alegre em 2018. Neste anos, manteve o contato com a Julieta Hernández. O último havia sido em novembro do ano passado. Segundo ele, quando tomou conhecimento de que a amiga pretendia retornar à Venezuela de bicicleta, não conversaram sobre eventuais riscos.
— A gente não conversou sobre isso. Achei um sinal de muita coragem ela andando sozinha nesse mundão — diz Tuiga.
Em uma postagem nas redes sociais, em setembro do ano passado, Julieta havia registrado o destino final de sua viagem:
"Viajo de bike direto desde 2019 e nesse percurso a única cidade marcada na minha rota, mesmo sem estar dentro do caminho (Rio de Janeiro, Brasil – Ciudad Guayana, Venezuela), é Afuá: a cidade das bicicletas".
Nas redes sociais, os atos em homenagem à venezuelana estão sendo organizados por grupos como Pedal das Gurias e Circo di SóLadies, do qual Julieta fazia parte. Além da capital gaúcha, atos estão marcados em São Paulo e Belo Horizonte.
Em Porto Alegre, um bicicletaço está marcado para a sexta-feira (12), a partir das 18h30min, no Largo Zumbi dos Palmares.
— Julieta era muito afetuosa e amorosa com todos, sempre com um sorriso largo no rosto. Ela era a pessoa mais serena, tranquila e amorosa que já conheci — destaca Tuiga, que também vive como artista de rua na capital gaúcha.
O crime
Em Presidente Figueiredo — localizada 125 quilômetros ao norte de Manaus —, Julieta Hernández procurou algumas pousadas, mas estavam lotadas. A artista acabou se acomodando na pousada precária onde foi assassinada.