Correção: Jacques Thomas Laurent tinha 29 anos, e não 39 anos como publicado entre o dia 3 de dezembro e às 17h de 7 de dezembro. O texto já foi corrigido.
Um homem trabalhador, estudioso e de bom coração. É dessa forma que o técnico de enfermagem haitiano Jacques Thomas Laurent, 29 anos, é descrito pelo irmão e por uma ex-colega de curso. Pai de uma menina de cinco anos e funcionário da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre, ele foi morto durante um assalto, ocorrido na manhã de sábado (2), no centro de Viamão.
De acordo com o irmão, Renold Laurent, Jacques veio para o Brasil em maio de 2016, com a ideia de trabalhar e estudar. O haitiano se formou em técnico de enfermagem pela Associação Cristã de Moços do Rio Grande do Sul (ACM-RS) e estava cursando Ciência Política pela Universidade Cruzeiro do Sul. Atualmente, morava em Viamão, na Região Metropolitana.
Até a formatura, Jacques trabalhava no setor de higienização. Costumava usar seus dias de folga para estudar e gostava muito da área da enfermagem, segundo Renold.
— Ele sempre teve um amor muito forte por nós da família e pelos amigos também. Nunca teve problema com ninguém. Era uma pessoa de bom coração, educado e trabalhador. Estou triste demais, nunca imaginei a morte do Jacques. Ele nunca vai se apagar em meu coração — desabafa o irmão, que está no México, tentando voltar para o Rio Grande do Sul.
Antes de virem para o Brasil em busca de uma vida melhor, os irmãos moravam no Cabo Haitiano. Renold conta que morou no bairro Guajuviras, em Canoas, durante nove anos e que nunca teve nenhum problema com os brasileiros, mas afirma que também perdeu seu celular em um assalto e reclama da quantidade de “bandidos armados” no país.
O suspeito de ter matado Jacques foi preso pela Polícia Civil na tarde de sábado. No momento da prisão, o homem de 26 anos confessou que tentou roubar o celular de Laurent, que teria reagido. O haitiano foi baleado e chegou a ser socorrido, mas não resistiu.
Além de Renold, Jacques deixa uma filha de cinco anos, que nasceu no Brasil. O técnico de enfermagem tem ainda outro irmão, que é médico e mora nos Estados Unidos.
A técnica de enfermagem Francielle Carvalho foi colega do haitiano durante o curso e relata que Jacques era “um menino do bem”, que tinha um riso frouxo e estava sempre de bem com a vida.
— Enquanto éramos agitação e euforia, ele era calma e tranquilidade. (Era) estudioso e esforçado. Ele falava muito a frase “Pelo amor de Deus”, o que acabou virando um bordão entre nós e nos rendia muitas risadas. É muito triste! — lamenta Francielle, que entrou em contato com o Renold para tentar ajudar e organizar uma despedida para o amigo.