A Polícia Federal (PF) prendeu, na noite de domingo (12), no Rio de Janeiro, mais um homem suspeito de possuir vínculos com o grupo libanês Hezbollah, elevando para três o número total de detidos sob suspeita de envolvimento com essa organização. A identidade do preso ainda não foi divulgada, e a prisão ocorreu em Copacabana.
Segundo apurou o Estadão, o terceiro preso da investigação é um músico ligado a Mohammad Khir Adbulmajid, apontado como elo entre o Hezbollah e os brasileiros sob suspeita. Em depoimento, o novo alvo da Trapiche alegou que foi contratado para fazer um show no Líbano.
Também na mira da PF, o nome de Mohammad está na lista de difusão vermelha - mais procurados - da Interpol. Segundo investigadores, ele estaria no Líbano.
Na quarta-feira (8), uma operação da PF resultou na prisão de dois suspeitos de planejar atos terroristas contra a comunidade judaica no país. Na ocasião, foram presos dois alvos: o autônomo Lucas Passos Lima, 35, detido no aeroporto de Guarulhos, na Grande São Paulo, quando voltava do Líbano, e o técnico em plásticos Jean Carlos de Souza, 38, preso próximo a um hotel onde estava hospedado no centro da capital paulista. Foram cumpridos ainda 11 mandados de busca e apreensão em Minas Gerais, São Paulo e no Distrito Federal. As ordens de prisão foram executadas em São Paulo.
Segundo a PF, a Operação Trapiche tem o objetivo de "interromper atos preparatórios de terrorismo e obter provas de possível recrutamento de brasileiros para a prática de atos extremistas no país".
Principal suspeito
Abdulmajid, sírio naturalizado brasileiro, encontra-se na lista de procurados pela Interpol. Ele chegou ao Brasil em 2008 e teve seu primeiro registro policial em 2014, quando foi detido em Minas Gerais por vender bebida alcoólica a um menor de idade.
No ano de 2021, Abdulmajid passou a ser alvo de uma investigação da PF por contrabando. À medida que as apurações avançaram, os delegados começaram a suspeitar que a comercialização de produtos ilegais tinha como objetivo financiar atividades terroristas.
Em uma rede social, o suspeito compartilhou uma imagem vestindo uniforme militar em cima de um veículo blindado. Embora o perfil tenha sido excluído, as imagens fazem parte da investigação.
O programa Fantástico, da TV Globo, obteve acesso a partes do documento policial da Operação Trapiche. Na solicitação, o delegado alega que Abdulmajid, no mínimo, demonstra simpatia pelo grupo libanês Hezbollah, se não for um apoiador e integrante ativo.
O material divulgado nas redes sugere que, em 2016, o suspeito participou ativamente da guerra civil na Síria como membro das forças do grupo Hezbollah, que prestou apoio militar ao governo de Bashar Al-Assad.