Em uma segunda fase, uma operação da Polícia Civil mira um grupo de criminosos que organizava roubos de materiais de construção em canteiros de obras de grandes empreendimentos em Porto Alegre. Eles se vestiam de funcionários ao entrar no local, mas logo rendiam os verdadeiros trabalhadores. Por causa da farsa, a operação recebeu o nome de “Falsos Obreiros”. A ação ocorre desde às 5h desta quarta-feira (4). Até as 9h25min quatro pessoas haviam sido presas.
O trabalho é realizado por equipes da delegacia de Repressão a Roubo e ao Furto de Cargas, coordenada pela delegada Isadora Galian, e da 1ª Delegacia de Polícia de Repressão a Roubos, comandada pelo delegado João Paulo de Abreu. Ambas pertencem ao Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) da Polícia Civil.
As equipes cumprem cinco mandados de prisão preventiva e dois de prisão temporária. Há também 13 mandados de busca e apreensão, incluindo de um caminhão que teria sido usado em dois roubos diferentes em uma construção, ocorridos na zona sul da Capital entre julho e agosto deste ano.
Falsos funcionários
Segundo as equipes, na ação, os criminosos chegavam aos locais de crime usando uniformes e equipamentos de proteção individuais, simulando serem funcionários. Eles entravam nos canteiros de obras com caminhões de fretes e, depois, anunciavam o assalto e rendiam os funcionários. Armado, o grupo obrigava os trabalhadores a carregar materiais roubados para os caminhões, sob ameaças.
— Essa investigação e as prisões feitas demonstram o forte combate, por parte de delegacias do Deic, ao crime patrimonial praticado por organizações criminosas. Na sequência, o trabalho será aprofundado para identificar também quem são os receptadores dos itens roubados — explica a diretora do Deic, delegada Vanessa Pitrez.
As equipes afirmam que o foco de atuação do grupo criminoso é a subtração de grandes quantidades de fios de cobre, mas também eram roubados materiais de construção diversos, como ferramentas, que também são comercializados.
A investigação indica que o grupo agia pelo menos desde 9 de junho, data da primeira ocorrência investigada. No total, são apurados 12 roubos em Canoas e Porto Alegre — sete na primeira fase e cinco na segunda.
— Esse trabalho alinhado, entre Polícia Civil, Ministério Público e Poder Judiciário é muito importante para que cheguemos ao resultado que vemos hoje — afirma Vanessa.
A primeira fase da operação ocorreu em 15 de setembro, quando quatro envolvidos foram presos.
Polícia foi procurada por empresas e sindicato
As investigações começaram depois que o departamento foi procurado por donos de grandes empresas de construção e até por um sindicato da categoria, segundo o diretor da Divisão de Investigação do Deic, delegado Eibert Moreira Neto.
— Os casos tinham sido registrados em diferentes delegacias e vinham sendo apurados individualmente. Quando fomos procurados, percebemos que havia conexão entre os roubos. Então concentramos os casos no departamento e unimos as investigações, o que possibilitou essas duas fases da operação — explica o diretor.
O trabalho indica que ao menos duas quadrilhas estão ligadas aos roubos, afirma a delegada Vanessa Pitrez.
— Um dos grupos atuava mais na zona sul da Capital e o outro na Zona Leste e em Canoas. Identificamos não só pessoas que atuavam nos roubos, mas também um indivíduo que é apontado como receptador do material. Ele é o dono de um dos caminhões usados em alguns assaltos e também é responsável por uma reciclagem, onde provavelmente revendia os itens roubados — diz ela.
Denúncias
Quem tiver informações sobre os casos pode entrar em contato com a Polícia Civil. O sigilo é garantido pelas equipes.
Os canais são o Disque-denúncia do Deic, pelo telefone 0800 510 2828, ou pelo WhatsApp e Telegram, no (51) 98444-0606.