A cada quatro dias uma pessoa é assaltada no entorno do campus central da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), em Porto Alegre. A maior parte das vítimas são estudantes da instituição. Segundo a Brigada Militar (BM), entre setembro e outubro deste ano, foram 15 assaltos registrados. O número representa um aumento de 66,66% em relação ao mesmo período de 2022, quando nove vítimas fizeram boletim de ocorrência.
Os números podem ser maiores devido ao fato de parte de alunos e pedestres que circulam pela região nem sempre registrarem o crime junto à Polícia Civil e à BM. Entre os pontos com o maior número de casos, estão as avenidas João Pessoa, Osvaldo Aranha e Paulo Gama, além das ruas Sarmento Leite, Professor Annes Dias e Luiz Englert.
Uma das vítimas foi a jornalista e ex-estudante da universidade, Bettina Gehm, de 23 anos. Ela estava retornando para casa quando foi abordada por um homem, na esquina da Rua Sarmento Leite com a Avenida Osvaldo Aranha. O caso foi registrado no dia 1º de outubro. Bettina teve o celular roubado e fez boletim de ocorrência, mas não recuperou o aparelho.
— Um moço passou por mim e não falou nada. Ele começou a me chamar e eu não voltei para trás. Só que ele se aproximou, parou na minha frente, me encurralou e falou para eu passar o celular. Não parecia estar armado, mas me ameaçou e eu entreguei. Ele mandou voltar de onde tinha vindo e sem correr ou gritar — contou.
Abaixo-assinado para ampliar a segurança
De acordo com Pedro Rambo, presidente do Centro Acadêmico André da Rocha (CAAR), que representa os estudantes de Direito da universidade, somente na última semana, foram dois casos na região. Um deles, dentro do campus da UFRGS. Ele relata que ainda houve uma tentativa na manhã desta terça-feira (31).
Por conta do crescimento de casos na região, será entregue na próxima sexta-feira (3) para o os governos municipal e estadual e a reitoria da universidade, um abaixo-assinado propondo a retomada de um comitê de segurança. A medida que havia sido criada em 2018, mas suspensa com a chegada da pandemia.
— É uma situação bem recorrente e isso tem preocupado muito o pessoal aqui da faculdade. Temos um fórum onde os representantes de turmas debatem e trazem propostas. A partir da mobilização deles, nós fizemos uma reunião no domingo e decidiu pelo abaixo assinado. É uma forma de coletar apoio dos estudantes da faculdade, para que possamos buscar tanto a universidade e o poder público para falar da segurança aqui dentro e no entorno da UFRGS — disse o presidente do Centro Acadêmico.
Conforme o Rambo, além de cobrar que o poder público tome medidas para reforçar a segurança, a iniciativa tem como objetivo restabelecer um diálogo com as autoridades para apresentar soluções. Entre os tópicos a serem entregues, estão o funcionamento das linhas de ônibus que circulam na região e o monitoramento das paradas, além da iluminação e do policiamento.
Brigada Militar e Polícia Civil monitoram onda de casos
O subcomandante do nono batalhão da Brigada Militar, major Demian Riccardi Guimarães, disse à reportagem de GZH que a fiscalização foi ampliada na região e reforçou que a população deve acionar o 190 para relatar as ocorrências. No entanto, apontou que de serem feitas operações em pontos mais visados pelos criminosos, parte deles acaba sendo solta pouco tempo após serem presas pela polícia.
— Se chamar o 190 de maneira rápida, a probabilidade de ocorrer a prisão é grande. Nós também lidamos com algumas dificuldades. Temos uma série de liberdades provisórias naquela região, indivíduos com tornozeleira. Somente nesse mês, das catorze prisões que nós realizamos, cinco já estão em liberdade. Então, mais de um terço dos presos por roubo a pedestre já se encontra livre — afirmou.
Além do entorno do Campus da UFRGS, a Brigada Militar também avalia um reforço do patrulhamento na região da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA). Procurada por GZH, a Delegacia de Polícia Regional de Porto Alegre, através do delegado Cléber dos Santos Lima, disse que a Polícia Civil trabalha em conjunto com a BM para coibir o avanço dos casos na região.