Na zona sul de Porto Alegre, um grupo comandava um esquema de telentrega de drogas, armas e munições, movimentando altas quantias em dinheiro em um fluxo de vendas que ia dobrando os valores ao longo do dia. Por mês, os criminosos contabilizavam quase R$ 100 mil, de acordo com os investigadores. A atuação foi desmantelada, na manhã desta sexta-feira (22), durante operação que começou as 5h, se estendeu pela manhã, e prendeu seis pessoas. O trabalho é feito pelo Departamento Estadual de Investigações do Narcotráfico (Denarc) da Polícia Civil.
Os nomes dos presos não foram divulgados pelas autoridades. Conforme a polícia, eles integram um grupo criminoso que tem origem no Vale do Sinos e atua em todo o Estado. Atualmente, a facção é considerada a maior do RS, em razão de seu poderio financeiro.
Além da venda por WhatsApp, que contava com telentrega, os criminosos também comercializavam drogas e armas em pontos fixos da Zona Sul.
Desde o começo da manhã, a PC cumpriu 18 ordens judiciais: quatro de prisão temporária, 11 de busca e apreensão e três bloqueios de contas bancárias - já realizados. Os alvos residem na zona sul da Capital, e a ação é realizada nos bairros Lageado, Lami, Restinga, Espírito Santo, Campo Novo e Aberta dos Morros.
Os quatro mandado de prisão foram cumpridos. Um deles ocorreu na Penitenciária Modulada Estadual de Charqueadas (PMEC), contra um homem preso que também atuava no esquema, mesmo detido. No local, também foram feitas buscas e apreendidos cinco celulares. A ação teve apoio da polícia penal da unidade.
Outras duas pessoas foram presas em flagrante na ação, por tráfico. Um deles também foi detido por descumprimento de medida protetiva, já que foi encontrado na casa da mulher de quem não poderia se aproximar.
Na Zona Sul, a operação conta com 45 agentes, equipados com 22 viaturas e uso de helicóptero da Polícia Civil. O trabalho foi coordenado pelo delegado Guilherme Dill, da 1ª Delegacia de Investigação do Narcotráfico (DIN) do Denarc.
Entre os presos, dono de mercado e DJ
Conforme a polícia, um dos presos é dono de um mercadinho na Zona Sul. O estabelecimento funcionaria de forma regular, mas os policiais acreditam que o homem permitia que criminosos guardavam valores obtidos no local.
Outro detido é um homem que se disse DJ. No momento da prisão, ele mencionou aos policiais que foi contratado para tocar em uma festa na região nesta sexta-feira. Teria afirmado, inclusive, que já havia recebido o cachê.
Já o apenado detido penitenciária de Charqueadas seria uma liderança da facção, e dava ordens de trás das grades. O criminoso negociava a entrega da droga e coordenava os valores devidos e recebidos. Assim, recebeu novo mandado de prisão nesta manhã. A Polícia Civil afirma que ele tem passagens por homicídio e tráfico de drogas.
Na ação, também foi cumprido mandado de busca na casa de uma mulher, que seria companheira de um dos presos. Ela é suspeita de guardar e lavar dinheiro para o grupo.
Um ano de investigação
A apuração sobre o esquema começou em outubro de 2022, quando equipes da 1ª Delegacia de Investigação do Narcotráfico (DIN) do Denarc, prenderam dois homens em flagrante por tráfico de drogas no bairro Lami.
Da prisão e do material coletado naquele momento, os agentes descobriram um sistema de telentrega de entorpecentes que utilizava um bar como ponto de partida para a venda, além de outras biqueiras localizadas em bairros no extremo-sul da cidade.
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Com a venda de drogas, armas e munições, o grupo buscava fortalecer a associação criminosa.
Segundo a Polícia Civil, a investigação está avançada, e as medidas cautelares cumpridas nesta sexta foram necessárias para a conclusão do inquérito e para demonstrar o vínculo entre os indivíduos, antes de o material ser remetido para a Justiça.