O homem suspeito de ter assassinato Rosemara Luciana Boecks, 35 anos, no último dia 3, foi preso nesta terça-feira (12), em Candelária. Nelson Adriano Bernardo, 49, que havia viajado para Santa Catarina após o crime, se apresentou na delegacia, acompanhado de advogado, e foi detido preventivamente.
Conforme a Polícia Civil, Bernardo foi a última pessoa que esteve com a vítima, após os dois saírem de uma festa. Horas depois, a mulher foi encontrada morta às margens da RS-287, próximo a uma praça de pedágio do município do Vale do Rio Pardo. A morte é investigada como feminicídio.
Conforme a polícia, o homem, que mantém uma barbearia em Candelária, onde mora, negou envolvimento na morte. Ele foi encaminhado ao Presídio Estadual do município.
O caso aconteceu na madrugada do dia 3 de setembro, um domingo. Um dia antes, a mulher teria terminado o relacionamento que mantinha com ele havia cerca de cinco meses, segundo a polícia.
A investigação encontrou imagens de câmeras de segurança que mostraram que, no domingo, Rosemara estava em uma boate quando Bernardo chegou ao local e passou a conversar com ela. O diálogo durou cerca de 20 minutos. Depois, as imagens mostram os dois saindo juntos da festa, por volta das 3h40min, e embarcando no carro do homem.
A polícia apurou que o homem pegou estrada em direção a Santa Cruz do Sul, pela RS-287, passando pelo pedágio de Candelária. Testemunhas relataram que ouviram uma discussão seguida por dois tiros na região, por volta das 4h. Horas depois, de manhã, a mulher foi encontrada morta, com um tiro na cabeça, cerca de um quilômetro antes do pedágio.
O delegado Tiago Bittencourt acredita que a mulher foi morta e abandonada no local.
— Esse trajeto entre a festa e o pedágio leva cerca de cinco minutos, mas foi feito em 20 minutos pelo suspeito. Testemunhas nos informaram que ouviram, nas proximidades, uma discussão de casal, uma batida de porta, dois tiros e, em seguida, um carro arrancando.
A polícia afirma que a necropsia do corpo da vítima constatou que Rosemara foi atingida por um disparo na cabeça, que acertou a parte inferior do olho esquerdo e saiu pela nuca.
Conforme Bittencourt, após a morte, as equipes passaram a ouvir familiares e pessoas próximas à vítima, que alegaram que Rosemara já havia mencionado ameaças feitas pelo homem. No entanto, não há registros de boletins de ocorrência feitos por ela.
— A família confirmou que eles tinham um relacionamento, que ela havia encerrado no sábado. Anteriormente, ela já havia dito aos familiares que tinha medo dele, que era agressivo e ciumento e relatado ameaças.
Junto ao corpo, foi encontrado o celular da vítima, onde a polícia encontrou mensagens trocadas com o suspeito. Nenhum tipo de ameaça foi localizada nas conversas, segundo Bittencourt. O aparelho foi encaminhado para perícia.
Moradora de Candelária, Rosemara deixa um filho de nove anos, de outro relacionamento. Ela foi velada na Igreja Ecumênica Cristo Salvador, na localidade de Linha Brasil, no município. O sepultamento ocorreu no Cemitério Schwantz, na mesma região, na segunda.
Homem negou relacionamento com vítima
Em depoimento, após se apresentar na delegacia, Bernardo negou envolvimento na morte. Ele confirmou que os dois saíram juntos da festa, em seu carro, mas disse que deixou Rosemara em uma parada de ônibus, porque ela iria encontrar outra pessoa. Depois, ele informou ter ido a Santa Cruz do Sul, onde iria buscar a filha que estava em uma festa.
Bernardo alegou também que o relacionamento com Rosemara era casual, e negou que ela tivesse encerrado o envolvimento.
— Apesar desse depoimento, temos elementos suficientes que demonstram outro cenário. Ele traz uma versão que não é compatível com o que reunimos até o momento. Pelas mensagens que vimos no celular da vítima, eles pareciam estar envolvidos emocionalmente. A apuração até agora indica um feminicídio, ocorrido por ele não ter aceitado o término. Mas iremos seguir com diligências, ouvir mais pessoas e verificar a versão do homem. Também esperamos algumas perícias — diz Bittencourt.
Uma das análises aguardadas é a do local do crime, além da perícia no celular do homem, que foi fornecido por ele no momento do depoimento. A investigação deve ser concluída nos próximos dias.
O delegado afirma que as equipes passaram a procurar o suspeito já no dia seguinte a morte, na segunda-feira. Neste dia, ele não foi localizado em casa e a barbearia onde ele trabalha estava fechada.
— Ele já havia se deslocado a Santa Catarina. Conseguimos ordem para a prisão preventiva. Neste meio tempo, ficamos em contato com ele e o convencemos a se apresentar na delegacia, o que ocorreu hoje (terça).
Ainda segundo Bittencourt, Bernardo tinha registros por violência doméstica feitos por companheiras anteriores.
Contraponto
O advogado Jorge Pohlmann, que atende Nelson Adriano Bernardo, afirmou que o cliente somente "ofereceu carona à vítima", na saída de uma boate, "deixando-a, por volta das 3h30min, próximo ao trevo à margem da RS-287, em uma parada de ônibus".
Ele nega a autoria dos fatos pois não praticou qualquer tipo de violência. No decorrer da investigação, vamos demonstrar isso.