A Justiça de São Paulo aceitou, nesta terça-feira (8), a denúncia oferecida pelo Ministério Público do Estado contra três homens acusados de envolvimento na morte do policial militar gaúcho Patrick Bastos dos Reis, 30 anos, que atuava no 1º Batalhão de Choque de São Paulo, notoriamente reconhecido como Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar, a Rota.
O crime aconteceu no Guarujá, no litoral paulista, em 27 de julho, e desencadeou uma série de operações da Polícia Militar na região e uma onda de assassinatos — pelo menos 16 pessoas morreram desde então. Moradores têm denunciado abusos e episódios de violência policial como retaliação.
Inquérito da Polícia Civil apontou que Erickson David da Silva, o Deivinho, foi o autor do disparo que matou o PM. Ele foi identificado como o segurança de um ponto de venda de drogas conhecido como Biqueira de Seringueira. Ainda segundo a investigação, Marco de Assis Silva, conhecido como Mazaropi, e Kauã Jazon da Silva, irmão de Deivinho, estavam no local em que o crime ocorreu e não tomaram nenhuma atitude para conter a ação do Deivinho.
A juíza Denise Gomes Bezerra Mota, da 1ª Vara Criminal do Guarujá, decretou a prisão preventiva de Kauã e Erickson. Também manteve a prisão de Marco. A magistrada justificou que eles têm "estreita ligação" com a criminalidade e que o crime colocou em "desassossego a ordem pública" na cidade.
"Restou demonstrada nos autos a existência de uma associação armada que atuava na biqueira da Silveira, voltada para a prática dos crimes de tráfico de drogas, e que em razão da violência exacerbada empregada por essa associação criminosa a investigação teve dificuldades para encontrar testemunhas, de modo que a custódia cautelar dos acusados demonstra-se indispensável à conveniência da instrução criminal", escreveu.
Além de homicídio, os homens devem responder por crimes relacionados ao tráfico de drogas e por tentativa de homicídio contra outros três agentes, que estavam na direção dos disparos.
As defesas têm 10 dias para apresentar os primeiros argumentos. O caso deve ser julgado no Tribunal do Júri.