A Polícia Civil confirmou, na manhã de 7 de julho, que o corpo encontrado à margem do Rio Ibirapuitã, em Alegrete, na Fronteira Oeste, é da enfermeira Priscila Leonardi Ferreira, 40 anos.
Priscila residia em Dublin, na Irlanda, desde 2019, não tinha filhos e era solteira. A mãe e o pai dela já haviam morrido.
Veja o que se sabe sobre o caso até o momento
Quem era a enfermeira?
Nascida em Alegrete, Priscila era a única filha da mãe, Maria Madalena, que morreu em 2009, após lutar contra o câncer no estômago. Os pais se separaram quando ela ainda era criança. O pai dela, Ildo Leonardi, faleceu no início de 2020, também vítima de câncer. Priscila tinha uma irmã, filha de um outro relacionamento do pai.
Formada em Enfermagem pela Universidade Franciscana, Priscila se mudou para a Irlanda para aprimorar o inglês e continuar estudando na mesma área. Ela trabalhava no país europeu prestando cuidados clínicos a idosos em um asilo.
Uma amiga, que preferiu não se identificar, relatou em matéria em GZH que a enfermeira era "amiga, tranquila e admirada por todos".
Quando Priscila chegou ao RS e quando desapareceu?
Priscila havia chegado ao Estado no final de maio e foi vista com vida pela última vez na noite de 19 de junho, no bairro Vila Nova, em Alegrete. No local, a enfermeira teria embarcado em um veículo, de cor preta, após deixar a casa onde o pai, já falecido, morou.
Há informações de que ela passaria um mês no Rio Grande do Sul. O desaparecimento foi registrado por primos de Priscila em 20 de junho.
Quando e onde o corpo foi encontrado?
O corpo de Priscila foi encontrado na tarde de quinta-feira, 6 de julho, à margem do Rio Ibirapuitã, em Alegrete. O cadáver foi avistado por um homem que pescava no local.
"Assim que avisados, a delegada e os policiais civis estiveram no local com a ajuda do Corpo de Bombeiros (vez que o local é de difícil acesso) e verificaram que na margem do Rio Ibirapuitã encontra-se um cadáver humano, aparentemente do sexo feminino", informou a Polícia Civil, em nota.
Quais indicativos apontam que houve crime?
Segundo a delegada Fernanda Graebin Mendonça, da 1ª Delegacia de Polícia de Alegrete, o corpo foi reconhecido por familiares da enfermeira. Ainda conforme a policial, foi realizada a necropsia na vítima pelo Instituto-Geral de Perícias (IGP), que constatou indícios de que Priscila tenha sido vítima de um crime.
Foram encontradas lesões de espancamento no corpo da enfermeira. De acordo com a análise da perícia, Priscila foi morta por estrangulamento. Há sinais que indicam que teria sido usada uma fita ao redor do pescoço da vítima para matá-la.
Alguém foi preso?
A Polícia Civil cumpriu mandado de prisão temporária, na tarde de 13 de julho, em Alegrete, contra Emerson da Silveira Leonardi, 30 anos. Segundo nota divulgada pelo órgão no final desta quinta, ele é primo e suspeito de ser o principal autor do homicídio e da ocultação de cadáver da enfermeira.
"O suspeito, primo da vítima, teria importante participação no crime desde o desaparecimento de Priscila, na noite do dia 19/6, comunicado na manhã do dia seguinte por familiares, inclusive pelo próprio primo. Após investigação e a apresentação de provas até então colhidas pela Polícia Civil ao poder Judiciário, foi expedido mandado de prisão temporária e mandado de busca e apreensão na residência do suspeito, os quais foram cumpridos na data de hoje (13 de julho) e se estenderam até a noite", diz a nota.
Depois da prisão, a defesa de Emerson ainda não se manifestou. Na terça-feira (11), o primo da enfermeira recebeu a reportagem de GZH, acompanhado da advogada criminalista Jo Ellen Silva da Luz. Em 45 minutos de entrevista, a advogada negou qualquer relação do primo com a tragédia e refutou a hipótese de eles terem relação conflituosa.
Há alguma linha de investigação?
A Polícia Civil afirmou, na nota divulgada em 13 de julho, que a principal linha de investigação aponta motivação financeira, mas que isso só será confirmado ao final do inquérito policial.
Conforme a apuração, ela veio ao RS para tratar do espólio familiar sobre o qual apuração aponta haver relações conflitantes. Segundo a polícia, Priscila não tinha problemas com a irmã paterna nem desavença na discussão do inventário. A herança do pai envolvia metade de uma casa simples de alvenaria no bairro Vila Nova, de característica popular, e cerca de 15 hectares de terra em Alegrete.
Familiares da enfermeira foram beneficiários de cheques, cujos valores somaram R$ 167,7 mil, que saíram da conta do falecido pai da vítima. Nove das 12 transações bancárias, que somaram R$ 150 mil do montante transferido, foram efetuadas no dia 20 de abril de 2020, exatos 14 dias antes da morte de Ildo por “falência de múltiplos órgãos”, aos 74 anos, conforme consta na certidão de óbito.
A conta da qual os valores saíram, no Banrisul, tinha Ildo e Priscila como titulares. Pessoas que acompanharam os últimos passos da enfermeira no Estado afirmam que ela somente tomou conhecimento das transações bancárias dias antes de desaparecer.
As pessoas que cercavam Priscila foram mantidas informadas sobre atritos com o primo, que residia na casa que era de seu pai, por conta de uma suposta dívida. A enfermeira chegou a relatar por mensagem um ambiente de tensão. Ela estava processando esse familiar, na 2ª Vara Cível da Comarca de Alegrete, por conta de um bem dela e do falecido pai que ele teria supostamente subtraído.
No dia 19 de junho, na versão do primo, que registrou ocorrência de desaparecimento na manhã seguinte, ela deixou o local e embarcou em um veículo Duster preto, imaginando ser um Uber.
Colabore
Informações sobre o caso podem ser repassadas para a polícia pelos telefones (55) 3427-0300 (plantão) ou (55) 98451-1689 (WhatsApp). A denúncia pode ser feita de forma anônima, garantido o sigilo da informação.