A mulher de Ronnie Lessa, ex-PM apontado como o executor da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, desmentiu a versão do marido de que ele tinha ficado em casa na noite do crime, em 14 de março de 2018. As informações são do Jornal Nacional, da TV Globo, que teve acesso ao depoimento.
- Elaine Lessa afirmou que Ronnie Lessa não estava em casa no dia do crime, chegando só próximo do amanhecer. Ela disse que ficou na residência quase o dia todo, saindo só pra levar o filho na aula de inglês.
- A versão dela é diferente do que defende Ronnie Lessa desde que foi preso, há quatro anos.
- Ronnie Lessa diz que ele e Élcio de Queiroz passaram o fim de tarde e o começo da noite bebendo na casa dele e só saíram para ver um jogo em um bar.
Conforme a reportagem, Elaine Lessa contou, em novo depoimento, há dois meses, que permaneceu em casa naquele dia, saindo apenas para levar o filho no curso de inglês na parte da tarde. Segundo ela, retornou por volta das 18h30min e que, nesse momento, ninguém estava na residência. Ainda de acordo com o depoimento, Ronnie só teria chegado quando estava próximo ao amanhecer.
Desde que foram presos, há quatro anos, Ronnie e Élcio de Queiroz — que fechou acordo de delação premiada e forneceu informações detalhadas sobre os assassinatos — mantinham a versão de que, em 14 de março de 2018, passaram o fim de tarde e o começo da noite bebendo na casa do ex-PM e só saíram para ver um jogo em um bar.
Ainda de acordo com o Jornal Nacional, investigadores dizem que foi depois de ser confrontado com as novas provas que Élcio confessou que dirigiu o carro e que Ronnie atirou contra as vítimas.
O que foi dito na delação?
Conforme relato dado por Élcio ao Ministério Público e à Polícia Federal, a execução teria sido tramada pelo ex-PM Ronnie Lessa. O crime teria sido armado ao longo de oito meses, nos quais a vereadora foi seguida e vigiada. O duplo assassinato teria contado ainda com participação de Maxwell Simões Correa, o Suel — preso na última segunda-feira (24).
Élcio disse que dirigiu o carro que perseguiu o veículo onde estavam Marielle e seu motorista. Os tiros foram dados por Ronnie.
Um casal teria recebido as armas da dupla e as descartado. Um irmão de Ronnie teria recebido toucas, silenciadores e a submetralhadora, que teriam sido jogados no mar, posteriormente.
Um sexto integrante do complô teria descartado o carro usado no crime, um Cobalt, que foi desmanchado. O destino do automóvel teria sido um desmanche no Morro da Pedreira, na zona norte da cidade. Duas outras pessoas vazaram informações oficiais da investigação para os criminosos.
Élcio também afirma que o crime foi encomendado por um ex-colega deles, o sargento reformado da PM Edimilson Oliveira da Silva (o Macalé), assassinado em novembro de 2021. O delator apontou provas de que Macalé fez várias ligações para Suel e Ronnie nos dias que antecederam e se sucederam o duplo homicídio.
Quem é Ronnie Lessa?
Ronnie Lessa é apontado como o executor de Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes. Quando foi preso, em 2019, a Divisão de Homicídios (DH) encontrou 117 fuzis incompletos na casa de um dos seus amigos, na zona norte do Rio. Ele foi condenado a 13 anos e seis meses de prisão por comércio ilegal de armas.
Em 2021, Ronnie Lessa foi condenado por destruição de provas relacionadas ao caso Marielle. Os condenados são acusados de sumir com armas utilizadas. Nesse ano, Lessa foi expulso da Polícia Militar do Rio de Janeiro.
Delação de miliciano no caso Marielle é uma aula sobre crime
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