Uma lista com nomes e dados de 600 pessoas foi descoberta na sexta-feira (30) pela Polícia Civil de Porto Alegre após a prisão de dois estelionatários no último fim de semana. A dupla é investigada por aplicar golpes em aposentados e pensionistas do INSS de todo o Estado.
De acordo com inquérito instaurado na 1ª Delegacia da Capital, todos que constam na listagem dos criminosos tiveram algum benefício inicial por terem feito empréstimos consignados, por estarem inseridos no sistema previdenciário. O objetivo é investigar se eles foram vítimas ou poderiam estar na mira dos estelionatários.
Além das duas prisões, os agentes investigam mais suspeitos, mas, por enquanto, mais informações — como número de investigados ou as localidades de onde são — não podem ser repassadas. Somente nesta semana, duas vítimas registraram ocorrência policial. As duas são idosas. Uma delas já perdeu R$ 11 mil e a outra R$ 7 mil.
A polícia diz que a lista estava em celulares e anotações da dupla detida e chama a atenção que não são apenas nomes. Há vencimentos, endereço, telefone fixo e móvel, bem como empréstimos e situações peculiares relativas à aposentadoria ou pensão. Esta é a primeira irregularidade apurada, como os golpistas estão obtendo estes dados.
A investigação também ocorre na questão do estelionato em si. De posse de todo esse material, os suspeitos entravam em contato com as possíveis vítimas. Os investigados se passavam por funcionários de escritórios de assessoria jurídica prometendo redução e renegociação de dívidas de empréstimos consignados junto a instituições financeiras. Para isso, tinham até escritórios que eram abertos e fechados constantemente para fugir de vítimas e autoridades.
Segundo a polícia, após o contato oferecendo revisão e redução dos valores de empréstimos, os criminosos informavam a necessidade de pagamento antecipado de uma quantia antes da suposta revisão da taxa de juro, além de pedir dados e fotos da vítima. Desta forma, acabavam fazendo novo financiamento usando os dados e fotos do aposentado ou pensionista por meio de identificação facial em dois bancos virtuais que eram sempre utilizados por eles.
Como era o prejuízo
O prejuízo consistia no fato de que a vítima seguia pagando pelo empréstimo antigo sem redução de juro e, sem saber, adquiria um novo. O inquérito instaurado detalha que, ao invés de reduzir o valor do primeiro contrato financeiro, a pessoa obtinha dois empréstimos e repassava parte do valor de um deles para os golpistas.
Para exemplificar, uma das vítimas que procurou a 1ª Delegacia, uma idosa de 66 anos, foi alvo duas vezes dos criminosos investigados. Numa das situações, a polícia evitou o golpe, mas na outra ela acabou sendo lesada. De acordo com a apuração, a idosa já tinha um empréstimo e, enganada pelos estelionatários, obteve outro no valor de R$ 8 mil, dos quais R$ 4 mil ficaram com os golpistas.
A polícia diz que este segundo financiamento era feito nos bancos virtuais e parte do dinheiro era encaminhado à vítima para ela acreditar que fosse um suposto crédito para abater os juros do primeiro empréstimo. Os agentes informam que pensionistas e aposentados devem estar sempre alertas e consultar bancos ou familiares quando forem procurados para supostas reduções de juros envolvendo financiamentos que realizaram.
Em hipótese alguma devem ser repassados dados ou informações por telefone. Além disso, é importante que as pessoas se certifiquem da situação também com o INSS e até mesmo com o banco que os golpistas possam vir a mencionar durante a suposta negociação. Mesmo que a pessoa não caia no golpe, sempre é importante anotar o máximo possível de informações — telefone, nome da pessoa, empresa, banco, entre outros — e fazer denúncias na polícia, na ouvidoria da Previdência Social, no Procon e no Banco Central.