O primeiro dia de júri do caso Becker terminou por volta das 21h50min, depois do depoimento do delegado Rodrigo Bozzetto, da Polícia Civil, responsável pela investigação que indiciou os quatro que viraram réus prestar depoimento como testemunha de acusação desde às 14h desta terça-feira (27). Para a quarta, são esperados os depoimentos de outras testemunhas arroladas pelo Ministério Público Federal (MPF).
A defesa insistiu com Bozzeto em detalhes da ordem das pessoas investigadas, questionando prazos e conclusões que levaram o delegado a concluir que os comparsas de Jura teriam sidos os autores do homicídio.
As quatro próximas pessoas a falarem no júri, que acontece na 11ª Vara Federal de Porto Alegre, a pedido da acusação do MPF serão o médico e ex-conselheiro do Conselho Regional de Medicina do RS (Cremers), Fernando Weber Mattos, o major da Brigada Militar Márcio Nunes Homem, o então investigador do caso, atualmente delegado da polícia Civil, Gustavo Fleury, e o perito da Polícia Federal Marco Antônio Zatta, que falará através de videochamada.
Outros personagens considerados chave para o desfecho também devem falar ao longo da quarta. A reportagem apurou com os advogados de defesa, que o objetivo é apontar outros responsáveis pela morte de Marco Antônio Becker. Para isso, vão fazer perguntas a peritos em balística e a um dono de estande de tiro, Dempsey Magaldi, na intenção de apontar que a munição usada no assassinato era restrita a policiais - o que afastaria a tese de que o gatilho teria sido puxado por comparsas de “Jura”, na tese da defesa.
O perito do Instituto-Geral de Perícia (IGP) aposentado Joel Ribeiro, que trabalhou no caso e está aposentado, também será interrogado. Dele, a defesa espera indícios de que a autoria dos disparos teria sido de uma mulher - em mais uma tentativa de livrar Jura da culpa.
Os trabalhos na quarta-feira (28) devem iniciar às 9h. O julgamento deve se estender até a sexta.
Os próximos passos do julgamento
- As demais testemunhas (inclusive 11 da defesa) serão ouvidas na quarta-feira (28)
- Na sequência, os réus serão interrogados.
- Passada esta fase, a sessão seguirá com os debates orais da acusação, feita pelo Ministério Público Federal (MPF), e das defesas dos réus. Há a possibilidade, ainda, da réplica e da tréplica.
- Na sexta-feira, o juiz se reúne com os jurados para votação dos quesitos. Depois, o magistrado lê a sentença dos réus.
Quem são os réus?
Quatro homens respondem pelo assassinato, que, conforme a denúncia aceita pela Justiça, foi uma retaliação comandada pelo ex-andrologista Bayard Olle Fischer dos Santos, 73 anos, colega de profissão de Becker.
Bayard teve o diploma cassado pelo Cremers por recomendação de Becker e sua suposta influência no CFM.
Por isso, segundo a investigação, Bayard teria cobrado favores de um antigo cliente, Juraci Oliveira da Silva, o Jura, que atuaria no tráfico de drogas no Campo da Tuca. Jura teria ordenado a capangas que fizessem uma emboscada para Becker.
O ex-assistente de Bayard, Moisés Gugel, 46 anos, teria intermediado as negociações para o assassinato.
Michael Noroaldo Garcia Câmara, o Tôxa, 40, cunhado de Jura na época do crime, teria sido contratado para o homicídio. Seria ele condutor da moto usada no crime e que levou o atirador até a vítima.
Contrapontos
O que diz a defesa de Juraci Oliveira da Silva, o Jura
A advogada Ana Maria Castaman Walter decidiu não se manifestar. Ela alega inocência do seu cliente.
O que diz a defesa de Moisés Gugel
O advogado Marcos Vinícius Barrios afirma que o cliente é "vítima de um erro judicial sem precedentes" e confia que a sociedade de Porto Alegre saberá "depurar a acusação injusta e absolvê-lo ao final".
O que diz a defesa de Michael Noroaldo Garcia Câmara
A Defensoria Pública da União (DPU), que o atende, informa que está convicta da ausência de provas contra ele no processo.
O que diz a defesa de Bayard Olle Fischer Santos
O defensor João Olímpio de Souza reafirma convicção na inocência do réu, mas prefere não falar no momento.