O registro de ocorrências de furto de gado segue em queda no Rio Grande do Sul. Números divulgados nesta terça-feira (9) pela Secretaria Estadual da Segurança Pública (SSP) apontam que o abigeato teve no mês de abril o menor índice da série histórica, iniciada em 2010. Foram 246 ocorrências durante o mês passado, menos da metade do que as 825 registradas em abril de 2016, ano em que o governo estadual criou uma força-tarefa para combater o problema. Na comparação com o mesmo mês do ano passado, a queda foi de 37,1%.
Essa tendência já vinha sendo observada durante o primeiro trimestre de 2023. De janeiro a março, foram 900 registros, 19,8% a menos do que no mesmo período do ano anterior. A melhora é atribuída a um crescente investimento em inteligência e capilaridade das forças de segurança nas diversas regiões do Estado. A Polícia Civil e a Brigada Militar iniciaram forças-tarefas para combater o roubo de gado há sete anos, e desde então seguem melhorando os índices deste e de outros crimes nas zonas rurais.
Desde 2021, são quatro delegacias regionais especializadas no combate e prevenção de abigeato, com sedes em Alegrete, Bagé, Camaquã e Cruz Alta. Além disso, operações de policiamento ostensivo complementam a fiscalização na linha de fronteira.
— Descobrimos um forte esquema de contrabando de carne, apreendemos 69 toneladas de proteína animal em menos de um ano. Assim como o abigeato, o combate a outros crimes na área da fronteira mostra que os criminosos estão diversificando sua atuação — detalha o subcomandante da Brigada Militar, Coronel Douglas Soares.
As organizações policiais qualificaram sua atuação quando integraram seus sistemas de informação e focaram na inteligência. O resultado foram mais inquéritos, mais detenções e maior conhecimento sobre as práticas e locais de atuação dos criminosos. É o que explica o diretor do Departamento de Polícia do Interior da Polícia Civil, delegado Anderson Spier.
— Os praticantes do abigeato costumavam ter amplo território para trabalhar. Antes das delegacias, faltava conexão entre cada crime isolado. Atualmente, cada equipe enxerga a atuação criminosa como uma rede onde as ações de prevenção se relacionam — explica, ressaltando a importância da colaboração do sistema judicial: — As informações da reincidência ajudam a qualificar os inquéritos, conectando mais de um crime aos mesmos ladrões de uma mesma organização criminosa, o que resulta em mais prisões e maior tempo de permanência pagando pelos delitos.
Outros órgãos como a Polícia Rodoviária Federal (PRF), Secretaria da Agricultura e sindicatos rurais também são destacados pelo coronel Douglas Soares como parceiros da força policial na fiscalização de fronteiras e áreas rurais no combate ao abigeato. Soares enaltece que apreensões de grãos, agrotóxicos e outros produtos de menor valor trazidos ilegalmente para o Estado representam um impacto importante na arrecadação de impostos e no sentimento de segurança do cidadão em diferentes áreas da sociedade.
— A atuação na zona rural também contribui com a qualidade de vida de quem vive em centros urbanos — comenta o subcomandante da Brigada Militar.