O casal suspeito de coagir e agredir uma idosa de 79 anos com quadro de demência, roubar o dinheiro e colocar a casa dela à venda na zona sul de Porto Alegre poderá ser indiciado por cinco crimes diferentes ao final do inquérito conduzido pela Polícia Civil. O homem de 54 anos e a mulher de 57 estão presos temporariamente desde o dia 10. Em depoimento, o casal confirmou que fez uma procuração para ter acesso à conta bancária da idosa.
Segundo a polícia, a produção e a coação para assinatura da procuração configura dois crimes, respectivamente. Os outros três são lesão corporal, cárcere privado e maus-tratos. O primeiro, pela idosa ter sido encontrada com fraturas pelo corpo. O último em decorrência da ausência de alimentação e até mesmo de um quadro de desidratação, conforme laudo médico no dia do resgate.
O caso foi descoberto em fevereiro, de acordo com a titular da Delegacia de Polícia de Proteção ao Idoso (DPPI), Ana Luiza Caruso, cerca de um mês após a vítima ser colocada em sob cárcere pelos dois suspeitos, segundo a investigação. O casal trabalhava próximo à casa da idosa, no bairro Nonoai. Nos meses seguintes, a investigação colheu depoimentos de vizinhos da vítima e consultou os extratos bancários, constatando que retirada de valores da conta dela teria acontecido nos últimos 8 meses.
— A idosa tinha amizade com os vizinhos, que foram quem deu falta dela. Em depoimento afirmam que ela aparentava visivelmente estar dopada pelo casal de suspeitos. Encontramos ela em situação de confusão mental, não sabemos se só pelo quadro de demência ou também pelas agressões na cabeça e remédios — diz a delegada.
Ainda não foram encontrados indícios que identifiquem quais eram os supostos medicamentos que a idosa ingeria. Uma análise do conteúdo dos telefones celulares do casal pode revelar esta e outras informações ao longo da semana. Novos indícios podem fortalecer as denúncias no inquérito, mas a delegada não acredita na recuperação do dinheiro supostamente roubado:
— Dificilmente vamos conseguir reaver o dinheiro que foi tirado por eles da vítima, pois as contas deles (dos suspeitos) não têm mais o dinheiro — lamenta. Por outro lado, a venda do imóvel foi evitada após avisos da vizinhança a prováveis compradores: — Quando a casa foi posta à venda, esvaziada e mostrada para possíveis compradores, os vizinhos avisaram os clientes que se tratava de um golpe.
A vítima está vivendo em uma clínica geriátrica na Zona Sul desde o resgate. As despesas são pagas pela aposentadoria da própria idosa, que, segundo a delegada Ana, foi servidora pública na área da segurança pública, vivia sozinha e não tem familiares na Capital.