A Polícia Civil divulgou nesta quarta-feira (17) o resultado da investigação sobre um ataque a tiros ocorrido no final de abril no bairro Vila Nova, na zona sul de Porto Alegre. Na ação, pelo menos dois homens dentro de um carro atiraram contra um traficante que estava com outras pessoas.
O alvo dos atiradores não foi baleado, mas duas mulheres foram atingidas. Uma delas, Milena Ouriques Marques, 34 anos, foi atingida na cabeça e morreu no hospital. Ela estava grávida de sete meses, e o feto também não resistiu. Outra mulher, de 34 anos, ferida no tórax, foi atendida e sobreviveu.
Foram disparados pelo menos oito tiros. Em poucos dias, o Departamento de Homicídios identificou três suspeitos de envolvimento no crime e prendeu dois deles — as prisões aconteceram nos últimos dias 6, no Morro da Cruz, e 11, na Vila Nova.
O titular da 6ª Delegacia de Homicídios, delegado Thiago Carrijo, diz que o motivo dos disparos foi um desentendimento entre traficantes da mesma quadrilha. Um dos integrantes discordava da influência do outro dentro do grupo. Dessa forma, se juntou a mais dois e resolveu executar o desafeto.
Carrijo diz que, por volta de 20h de 30 de abril, um domingo, os criminosos usaram um veículo e passaram pela Rua João Locatelli da Silva. O local é um ponto de tráfico, segundo a investigação. Em frente a uma casa, o alvo deles — o desafeto — estava com outras pessoas conversando. Os criminosos se aproveitaram da situação e atiraram.
Depois disso, fugiram e compraram álcool em um mercado da região. O objetivo foi atear fogo ao veículo, o que ocorreu momentos depois do ataque. O veículo foi localizado em uma via pública do bairro Lami, também na zona sul da cidade. A partir destes fatos, os agentes da 6ª Delegacia de Homicídios passaram a investigar todos os passos dos investigados.
Carrijo diz que três homens foram identificados e, nos últimos dias, em duas ações na Zona Sul, dois deles foram presos. Os detidos, que são apontados no inquérito como sendo os atiradores, têm 20 e 23 anos de idade, ambos com antecedentes criminais por tráfico, roubo e homicídios. As prisões foram preventivas, e a polícia não está divulgando os nomes deles.
O terceiro suspeito, de 22 anos e sem passagem pela polícia, será responsabilizado ao final do inquérito. Conforme a apuração, ele teve uma participação menor no crime, dando apoio aos dois que foram presos.
— A mulher grávida não era o alvo, mas não foi morta por engano. Digo isso porque os criminosos queriam matar o traficante que se tornou rival deles, apesar de serem da mesma quadrilha ligada a uma facção, mas também atingir quem estivesse com ele. Portanto, para nós, não foi por engano, apesar de a grávida não ser o alvo direto — explica o delegado.
Carrijo ainda destaca que as duas mulheres que foram baleadas tinham envolvimento com o traficante que era o alvo direto dos atiradores. A vítima que sobreviveu, também hospitalizada, não corre mais riscos. O nome dela não foi divulgado por questões de segurança.
O diretor do Departamento de Homicídios, delegado Mario Souza, diz que, mesmo com a conclusão do inquérito, o que irá ocorrer nos próximos dias, a investigação continua.
— Com os executores presos partimos para a próxima etapa que é responsabilizar a possível participação de liderança do crime organizado — ressalta.