A Polícia Civil apreendeu, na casa de um suspeito de agiotagem, em Campo Bom, R$ 71 mil, munição, arma e cerca de R$ 500 mil em notas promissórias. Segundo o Departamento de Investigações do Narcotráfico (Denarc), o suspeito, que não foi encontrado na residência, era usado por uma facção criminosa baseada no Vale dos Sinos para capitalizar a verba da organização e reverter os valores obtidos por ele, que ficam na casa de R$ 100 mil mensais, na compra de entorpecentes, armas e veículos.
Os devedores que atrasavam ou não pagavam as parcelas dos empréstimos obtidos com a agiotagem são ameaçados e agredidos, segundo a polícia. A companheira dele também foi presa, em flagrante, por porte ilegal de arma de fogo. A polícia procurou por ele na sexta (14) e na terça (18), mas não o localizou; por isso, o pedido de prisão preventiva não é descartado.
O responsável pela investigação, delegado Guilherme Dill, já apurou que o agiota emprestou dinheiro para pelo menos 50 pessoas, mas ele acredita que o número seja bem maior. Por isso, seu nome não foi divulgado pelas autoridades
— As notas promissórias são provas cruciais. É quase meio milhão de reais em dinheiro que ele estaria cobrando de vários devedores em toda Região Metropolitana. Estamos apurando tudo para ver os crimes cometidos e se tem mais envolvidos no esquema — diz Dill.
O inquérito aponta suspeita de cobrança abusiva, ameaça, agressão e lavagem de dinheiro. Como a relação comercial envolvia empréstimos para outras pessoas, outros tipos penais podem ser apurados no decorrer das investigações — o depoimento do suspeito é crucial para montar esse quebra-cabeças.
Todas as notas promissórias e a lista obtida com 50 devedores estão sendo analisados por agentes da 1ª Delegacia do Denarc. Dill afirma que é importante acionar essas pessoas para saber em que circunstâncias eram cobradas e se sofreram represálias. Também será feita uma análise detalhada dos empréstimos para saber se os valores eram utilizados em atividades criminosas.