A Polícia Civil realiza nesta quarta-feira (12) uma ação contra uma quadrilha que aplica o golpe do bilhete premiado e usa os valores obtidos para investir em criptomoedas. São seis mandados de apreensão e de bloqueio de capitais contra cinco suspeitos nas cidades de Porto Alegre, Alvorada e Passo Fundo. Segundo a polícia, o grupo tem origem no norte gaúcho. Há ordem judicial sendo cumprida também em Balneário Camboriú, Santa Catarina.
Dois suspeitos foram presos em março deste ano, logo após aplicarem o golpe contra uma idosa na zona sul de Porto Alegre. A vítima perdeu R$ 130 mil. Outros três suspeitos foram alvo de buscas. Além da lavagem de capitais, são investigados os crimes de estelionato e associação criminosa. Mas o início da apuração foi por outro delito.
A Delegacia de Roubos do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) foi comunicada no dia 14 de março de que havia uma extorsão mediante sequestro no bairro Cavalhada. Ao verificar o fato, o delegado João Paulo de Abreu verificou que se tratava de um crime, mas a situação era outra.
— Era o golpe do bilhete premiado e, mesmo que tivéssemos agido rapidamente, o dinheiro que roubaram da vítima já tinha sido investido em moedas virtuais. Quando houve as prisões, a idosa estava dentro de um banco e os suspeitos nas imediações — diz Abreu.
A investigação do fato levou agentes do Deic a flagrarem dois suspeitos, dois homens de 31 e 23 anos, aplicando o golpe na Avenida Cavalhada. Eles foram detidos em flagrante. Carro, celulares e documentos apreendidos.
A dupla é de Passo Fundo, assim como toda a quadrilha. Os presos têm antecedentes criminais por furto mediante fraude, estelionato, lesão corporal e posse de entorpecentes.
Nova ofensiva
Após depoimentos dos detidos e obtenção de novas provas, a polícia chegou a mais três suspeitos. Eles foram alvo de mandados de busca nesta quarta-feira. Segundo o delegado Abreu, as ordens judiciais foram cumpridas nas casas dos criminosos, localizadas nos dois Estados.
O diretor da Divisão de Investigação Criminal do Deic, delegado Eibert Moreira Neto, diz que outros golpes aplicados por esta quadrilha são investigados. O objetivo é averiguar a participação de mais suspeitos e buscar o ressarcimento da vítima.
—Para isso, nós fazemos a rastreabilidade dos chamados bitcoins (criptomoedas ou moeda virtual), que são pulverizados em carteiras digitais para depois terem valores sacados e divididos pelos criminosos. Nosso trabalho está tendo um diferencial porque estamos fazendo o rastreio destes criptoativos com a finalidade de bloquear contas e sequestrar bens, visando ressarcir a vítima ou outras possíveis vítimas — diz Neto.
Os cinco investigados são suspeitos de integrar uma grande organização criminosa que tem base em Passo Fundo e que atua há pelo menos 20 anos. Nos últimos anos, passaram a agir fora do Rio Grande do Sul.
Fique atento para não cair em golpes
- Evite conversar com estranhos na rua e na frente de caixas eletrônicos.
- Mantenha bem guardados quantias em dinheiro e cartões de débito e crédito, bem como outros pertences pessoais.
- Preste atenção, pois, em geral, mais de uma pessoa participa desse golpe, como alguém supostamente acima de qualquer suspeita.
- Jamais forneça seus dados bancários, cartões e senhas para qualquer pessoa desconhecida.
- Fique atento aos telefonemas de pessoas estranhas, principalmente de outros Estados. Em geral, ocorre uma primeira conversa para ter informações da vítima para em seguida aplicar o golpe.
- Se alguém realmente possuir um bilhete premiado, não irá dividir o prêmio com outra pessoa, ainda mais um desconhecido, por nenhum motivo. O ganhador também não irá vender esse prêmio em troca de dinheiro vivo, pois em algum momento o premiado obterá a quantia.
- Caso seja mais uma vítima desse crime, não deixe de registrar ocorrência na Polícia Civil.
Fonte: Polícia Civil