O médico Leandro Boldrini, pai do menino Bernardo Uglione Boldrini, que morava em Três Passos e foi encontrado morto em Frederico Westphalen no mês de abril de 2014, vai a novo júri no dia 20 deste mês no noroeste gaúcho. O Tribunal de Justiça do do Rio Grande do Sul (TJ-RS), se não houver alterações, não descarta que o julgamento dure até quatro dias.
Depois de ser condenado em março de 2019 a 33 anos e oito meses de prisão em regime fechado pela morte do filho, a Justiça anulou o júri em dezembro de 2021. Por outro lado, não revogou a prisão preventiva de Boldrini, que cumpre pena na Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc).
Os desembargadores decidiram por acatar o pedido da defesa do acusado, mas mantendo as condenações de outros três réus. Segundo o Poder Judiciário, não houve respeito do direito ao silêncio de Boldrini durante o interrogatório. Em outra decisão, de novembro do ano passado, o TJ entendeu que não havia motivos para enviar para Brasília os recursos do Ministério Público (MP) contra decisão que anulou o julgamento.
Com isso, o novo júri, presidido pela juíza Sucilene Engler Audino, irá ocorrer em duas semanas no Foro de Três Passos. Segundo o TJ, serão 15 testemunhas, sendo uma delas comum para defesa e acusação. Com isso, são cinco testemunhas arroladas pelo MP e 11 pelos advogados do réu.
As condenações de outros três réus, que participaram do mesmo julgamento, foram mantidas. A madrasta do menino, Graciele Ugulini, recebeu uma pena de 34 anos e sete meses de prisão, em regime fechado, Edelvânia Wirganovicz, foi condenada a 22 anos e dez meses de prisão, em regime fechado, e o irmão dela, Evandro Wirganovicz, recebeu condenação de nove anos e seis meses de prisão.
Relembre o caso
Em 14 de abril de 2014, aos 11 anos, Bernardo Uglione Boldrini foi encontrado morto, após 10 dias desaparecido. O corpo do menino estava em um matagal, dentro de um saco, enterrado na localidade de Linha São Francisco, em Frederico Westphalen.
Bernardo morava com o pai, a madrasta e uma meia-irmã, de um ano, no município de Três Passos. O pai chegou a afirmar que o garoto havia retornado com a madrasta de uma viagem a Frederico Westphalen, no dia 4, quando teria dito que passaria o final de semana na casa de um amigo.
O menino deveria voltar no final da tarde do dia 6, o que não ocorreu. Após os 10 dias de investigações, foram presos o pai, a madrasta e uma amiga dela. Em 10 de maio foi preso o irmão de Edelvânia, Evandro.
Além do assassinato, Leandro e Graciele também foram acusados de cometer violência psicológica e humilhação contra o menino, em razão de vídeos e áudios mostrados no processo.