Uma tentativa de golpe a um familiar de paciente internado no Hospital Mãe de Deus, em Porto Alegre, reacende o alerta sobre casos de estelionato praticados contra parentes de pessoas hospitalizadas. Criminosos se passam por médicos da instituição e fazem contato com as famílias para pedir dinheiro.
Foi o que aconteceu com o publicitário Marcelo Tovo, que internou o pai, com problemas cardíacos, no Centro de Tratamento Intensivo do Mãe de Deus, no dia 10 de março. No dia seguinte, um sábado, recebeu pelo WhatsApp uma mensagem de um número que usava o nome e a imagem de um médico do hospital, e dizia que o paciente estava com uma hemorragia no pâncreas e precisava urgentemente de uma tomografia computadorizada. Ainda na mensagem enviada, o falso médico dizia que o plano de saúde poderia demorar 48 horas para liberar o exame e sugeria o pagamento de R$ 3.850 para que o procedimento fosse realizado de forma particular.
Preocupado com a saúde do pai, o publicitário decidiu ligar.
— O tal médico tinha os meus dados e todo o prontuário do meu pai em mãos. Isso, confirmei após eu fazer uma ligação para o celular que me contatou. Sabatinei o indivíduo, que sabia todas as respostas — conta Tovo.
Desconfiado de que poderia ser um golpe, o publicitário pediu para o médico conversar pessoalmente com um familiar que estava no hospital. Por mensagem, o golpista desconversou: "Estou no bloco cirúrgico no momento". Tovo percebeu o golpe e não pagou o valor. Avisou os familiares mais próximos e registrou um boletim de ocorrência na polícia, além de uma reclamação formal no hospital.
— Tomei um tremendo susto e afirmo que, se fosse minha mãe, teria feito o pix solicitado para a realização imediata da tal tomografia — conclui.
Em 2020, nos primeiros meses da pandemia, este tipo de golpe se tornou mais frequente, segundo o Sindicato dos Hospitais e Clínicas de Porto Alegre (Sindihospa) alertou na época, reforçando que nenhum hospital solicita qualquer tipo de depósito por telefone. "As informações sobre pagamentos pelos serviços são comunicadas na entrada (check-in) e na saída (check-out) dos pacientes. As instituições não solicitam depósitos bancários por telefone para quitação de despesas de pessoas em atendimento ou internadas", diz a nota.
Procurado, o Hospital Mãe de Deus disse que, em caso de abordagens dessa natureza, orienta os familiares a procurarem atendimento pelo telefone da recepção. Leia a íntegra da nota enviada a GZH:
"O Hospital Mãe de Deus informa, em diferentes meios, que não negocia ou solicita por contato telefônico a realização de depósitos bancários ou pagamentos de qualquer natureza referentes a pacientes que estejam internados.
No aviso, o hospital lembra ainda que, caso o familiar/paciente receba algum contato telefônico que trate da realização de pagamentos ou negociações de dívidas com o hospital, este deve procurar a Recepção da Internação pessoalmente ou, ainda, entrar em contato pelo telefone (51) 3230.6960.
Este alerta é permanentemente divulgado no site do hospital, por meio de pop-up, fixado em cartazes nos elevadores, além de informado por meio de folder entregue no momento da internação".