Em apoio à polícia goiana, agentes do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) do Rio Grande do Sul participaram, nesta terça-feira (14), de operação policial no Estado, em Goiás e no Distrito Federal. Eles cumpriram 37 mandados judiciais, e os principais alvos eram a Companhia de Saneamento de Goiás (Saneago) e uma empresa de São Leopoldo, no Vale do Sinos.
Um inquérito instaurado em 2021, em Goiânia, apura fraude em licitação e na prestação de serviço na área de gerenciamento logístico. O acordo suspeito, na ordem de mais de R$ 85 milhões para pagamento em 30 meses, foi firmado em 2020. Não houve prisões. Nomes e número de suspeitos ainda não foram divulgados, principalmente porque os policiais estão buscando mais provas para indiciar os envolvidos.
Os crimes apurados são: fraude, ajuste, combinação e direcionamento de procedimento licitatório, superfaturamento de preços e associação criminosa. Foram 21 ordens judiciais de busca, cinco de afastamento de servidores da função pública (houve casos apenas em Goiás), seis mandados de proibição de deslocamento em determinados lugares, quatro de proibição de contratação de serviços com o poder público e um de bloqueio de valores na ordem de R$ 6,4 milhões.
De acordo com a investigação comandada pela polícia de Goiás, a empresa de São Leopoldo teve um contrato direcionado e participou de um esquema envolvendo outra empresa do Distrito Federal. A suspeita é de que esta segunda empresa tenha simulado participação na licitação em 2020 apenas para oferecer valores mais altos do que a suposta concorrente gaúcha. Desta forma, a empresa de São Leopoldo foi escolhida para prestar o serviço logístico, que seria uma espécie de “almoxarifado virtual”.
O grupo gaúcho, conforme consta no inquérito, também usou duas empresas fantasmas, uma de Goiânia e outra de Campo Bom (também no Vale do Sinos), para fornecimento de produtos à Saneago. Esta seria uma segunda parte da fraude. Depois de vencer uma licitação que teria combinação de valores, o fornecimento de produtos à companhia goiana teria sobrepreços e preços superfaturados.
A operação conjunta ocorreu pela Rede Nacional de Polícias Judiciárias no Combate à Corrupção do Ministério da Justiça. A diretora do Deic gaúcho, delegada Vanessa Pitrez, diz que ações integradas, como a que ocorreu nesta terça-feira, estão sendo ajustadas para combater vários crimes que ocorrem no Brasil e que têm gaúchos como suspeitos.
— Uma das funções a serem ampliadas no Deic, a partir deste ano, será uma interlocução com polícias de outros Estados, e não só para auxiliar, mas para investigações e operações conjuntas contra o crime organizado, lavagem de dinheiro e fraudes em geral — diz Vanessa.
A investigação continua e, por enquanto, a polícia goiana tenta ter uma dimensão total da fraude e confirmar ainda se há mais empresas ligadas a ela. Os prejuízos apontados até agora são do poder público estadual de Goiás.