Dois argentinos, que estavam sendo investigados por tráfico internacional de drogas há pelo menos 30 dias, foram presos no bairro Teresópolis, zona sul de Porto Alegre. A dupla estava com cerca de R$ 450 mil, além de dólares, guaranis (moeda do Paraguai) e pesos argentinos e uruguaios.
O dinheiro estava no fundo falso de uma caminhonete que havia sido encaminhada para uma oficina mecânica da região com o objetivo de preparar um fundo falso no porta-malas. Segundo a polícia, os dois homens eram responsáveis por levar dinheiro de traficantes gaúchos que integram uma facção para países produtores de drogas.
A prisão realizada por agentes da 1ª Delegacia do Departamento de Investigações do Narcotráfico (Denarc) foi divulgada neste sábado (25), mas ocorreu no final da sexta-feira (24). O delegado Gabriel Borges, que está respondendo temporariamente por esta delegacia, diz que os argentinos fazem parte de um esquema de remessa mensal de pelo menos R$ 2 milhões para países como Paraguai, Uruguai, Bolívia e Colômbia.
— Conseguimos identificar a rota deles dentro da Capital e obtivemos informações de que, ao prepararem o compartimento secreto da caminhonete, que tem placas da Argentina, iriam levar neste fim de semana o dinheiro para o Paraguai — explica o delegado.
Borges diz ainda que a investigação aponta para um número maior de argentinos que estariam vindo ao Estado para manter este esquema criminoso. Segundo ele, a facção gaúcha, que tem base no Vale do Sinos e atua em todo o Estado, encomenda as drogas que chegam de várias formas, sendo uma delas em veículos.
Depois disso, os carros — que podem ser os mesmos ou outros, mas geralmente são os que trouxeram os entorpecentes — são preparados para levar grandes quantias em dinheiro para fora do país. Os valores são para o pagamento das drogas ou para compra de armas e até lavagem de capitais.
Os dois argentinos foram presos em flagrante, mas não tiveram os nomes divulgados porque Borges dará sequência à investigação para identificar os integrantes da facção do Rio Grande do Sul que compraram as drogas e estavam enviando dinheiro para, neste caso, o Paraguai. Seis celulares, com vários contatos nas agendas, foram apreendidos.
O consulado da Argentina foi acionado para evitar problemas diplomáticos, assim como a polícia do país vizinho foi comunicada do fato. Sobre as drogas, o delegado diz que os entorpecentes que a dupla presa trouxe para a Capital teve como destino abastecer pontos de tráfico da Zona Sul. Gabriel alerta que a droga comprada pelos traficantes gaúchos em outros países é vendida no Estado por um preço até cinco vezes maior.