O Instituto-Geral de Perícias (IGP) anunciou nesta quarta-feira (8) a criação de força-tarefa para analisar as provas periciais referentes às suspeitas contra o médico João Couto Neto, 46 anos, de Novo Hamburgo, no Vale do Sinos, afastado do trabalho por investigações de casos que envolveriam imperícia e negligência. Couto Neto é alvo de inquérito da Polícia Civil por suspeita de causar, ao menos, 32 mortes durante intervenções.
Além disso, conforme o delegado titular da 1ª Delegacia de Polícia do município, Tarcísio Lobato Kaltbach, o número de ocorrências registradas contra o médico chegou a 114. Ao todo, mais de 80 pessoas foram ouvidas durante o inquérito.
— Encaminharemos ao IGP de Porto Alegre os depoimentos, laudos, prontuários médicos e relatórios médicos para fins de análise pela junta médica do Instituto Médico Legal (IML) do IGP — declarou o delegado.
Dez peritos médicos-legistas vão analisar documentos, como prontuários e exames médicos das pessoas que morreram, além de realizar perícias físicas e psíquicas nos sobreviventes que formalizaram as denúncias. Os trabalhos terão início imediato. Devido à complexidade, não há prazo para o término das atividades.
— Muitos pacientes que sobreviveram ficaram com mutilações, lesões, sequelas ou complicações. Há indícios de crueldade e desumanidade no tratamento pós-cirúrgico do médico para com os pacientes, com descaso total quanto à saúde — detalhou Kaltbach.
Contraponto
O que diz a defesa de João Couto Neto
O advogado Brunno Lia Pires afirma que a defesa irá aguardar o recolhimento dos depoimentos por parte da Polícia Civil, bem como a posição do IGP sobre o caso, para então analisar de forma técnica os acontecimentos.
— Enquanto o delegado responsável ainda estiver colhendo depoimentos iniciais, nossa posição será de aguardar um encaminhamento, pois boletins de ocorrência e queixas qualquer um pode fazer, independentemente de ter algum fundamento ou não — completou Lia Pires.
Produção: Leonardo Martins