Em uma ação que se assemelha a uma estratégia de guerra, 50 policiais civis cercaram a região da Vila Buraco Quente, no Morro Santa Tereza, zona sul de Porto Alegre, na manhã desta terça-feira (31). Com apoio de um helicóptero, os agentes buscam pelo menos 10 criminosos, sendo três foragidos.
A ofensiva, que também tem como objetivo apreender armas e drogas, é mais uma etapa da Operação Pulso Forte, realizada desde a noite de domingo (29) no Estado. Também são cumpridos mandados em outros pontos da Capital e em cidades da Região Metropolitana, como Alvorada, Sapucaia do Sul e Canoas.
Os alvos são suspeitos de tráfico de drogas e homicídios, alguns deles ocorridos durante confrontos entre facções na região em 2022. O trabalho é coordenado pelo Departamento de Investigações do Narcotráfico (Denarc) e pela Coordenadoria de Recursos Especiais (Core).
Até 9h30, cinco suspeitos foram quatro presos: dois em Alvorada, dois em Porto Alegre e um em Canoas. Houve apreensão de três armas de quase 9 quilos de drogas.
Seis equipes no Morro Santa Tereza
Foram formadas seis equipes para ocupar a região conflagrada pelo tráfico e que no ano passado foi um dos palcos da guerra de facções na cidade. No início de 2022 foram mais de 20 mortes decorrentes desta disputa, sendo quatro, segundo a polícia, na Vila Buraco Quente. Até barricadas foram montadas em ruas para dificultar acesso das autoridades de segurança e de grupos rivais da facção instalada no local.
A estratégia da ofensiva policial realizada nesta terça-feira incluiu o fechamento de todas as rotas de fuga identificadas. Quem tentasse escapar, poderia ser flagrado pelo apoio aéreo. Quatro grupos, reunindo 35 agentes, do Denarc ingressaram na vila pelo alto do Morro Santa Tereza e outros dois, da Core, com 15 policiais no total, entraram por baixo, no sentido da Avenida Padre Cacique em direção ao belvedere.
Ao final da ação, as equipes se encontram em uma área centralizada da região, onde há um campo de futebol. Cada grupo de agentes percorre uma distância de pouco mais de 150 metros, até se unir no lugar marcado.
— Cumprimos mandados de busca envolvendo pessoas que estiveram nos confrontos entre traficantes — diz o diretor de Investigações do Denarc, delegado Alencar Carraro.
O local foi palco de outra ação do Denarc em setembro de 2022. Na ocasião, criminosos estavam na mira da polícia porque a guerra entre eles, que matou e feriu também inocentes, levou medo às comunidades da Região Metropolitana, fazendo com que escolas, comércio e o posto de saúde da Vila Cruzeiro, próxima do local onde ocorre a ação policial nesta terça-feira, fechassem as portas.
Operação Pulso Forte
A Operação Pulso Forte, inciada no domingo e da qual faz parte a ação desta terça-feira, envolve Polícia Civil e Brigada Militar, o trabalho ocorre em 30 cidades da Região Metropolitana, Vale do Rio dos Sinos, Região Central, Serra, Litoral e Fronteira Oeste.
São 2,1 mil agentes envolvidos e mais de 680 viaturas. Antes da operação desta terça-feira, 90 pessoas já tinham sido detidas.
Uma das ações ocorreu em Novo Hamburgo, na segunda-feira (30), quando o Denarc localizou em um depósito cerca de 400 quilos de drogas, montante avaliado em cerca de R$ 5 milhões.
O novo chefe da Polícia Civil, delegado Fernando Sodré, e o comandante-geral da Brigada Militar, coronel Cláudio Feoli, que permanece à frente da corporação, informam que o objetivo da operação é capturar foragidos da Justiça e integrantes de organizações criminosas que atuam principalmente na Região Metropolitana, Serra e Litoral Norte.
O secretário de Segurança Pública do RS, Sandro Caron, diz que a Pulso Forte também tem como foco a realização de barreiras, reforço no policiamento de zonas estratégicas, implementação de ações de visibilidade e fiscalização em estabelecimentos comerciais.