Iniciado na manhã desta quarta-feira (7), o júri dos três réus pelo assassinato de uma menina de 12 anos em Porto Alegre prosseguiu durante a tarde com os depoimentos dos acusados. Dois deles optaram por ficar em silêncio. Esta é a terceira vez que a Justiça tenta realizar o júri pelo assassinato de Laisa Manganeli Remédios, que desapareceu em setembro de 2016.
De acordo com a denúncia do Ministério Público, ela foi decapitada por uma facção criminosa e teve o corpo ocultado em uma cova. O caso é um dos que integram uma delação premiada de um ex-gerente do tráfico.
Às 18h, o juiz Thomas Vinícius Schons declarou encerrada a etapa dos depoimentos, e o júri entrou em recesso até as 18h30min, quando teve início a etapa dos debates, que segue ainda durante a madrugada desta quinta-feira (8).
Por volta das 17h, teve início o depoimento de José Dalvani Nunes Rodrigues, 40 anos, o Minhoca, apontado como um dos líderes de uma facção com berço no bairro Bom Jesus. A acusação sustenta que ele foi o mandante do homicídio brutal da garota, cujo corpo nunca foi encontrado.
Em sua fala, Minhoca negou com veemência a autoria do crime. Quando questionado pela promotoria se tinha envolvimento com a facção dos Bala na Cara, o réu tergiversou respondendo que não estava sendo julgado por tráfico de drogas.
Com a palavra, o advogado de Minhoca, Jean Severo, trabalhou com a estratégia de desconstruir a imagem de líder de facção imputada ao réu. Severo questionou a Minhoca quantas filhas ele tinha e se ele teria coragem de cometer um crime semelhante ao que ele é acusado contra uma delas.
— Eu tenho quatro filhas — respondeu o réu, apontando para a plateia onde elas assistiam ao júri.
Severo lembrou que Minhoca cumpre pena em uma penitenciária federal em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, e questionou ao seu cliente o que acontece dentro da cadeia com quem comete este tipo de crime
— Se eu tivesse cometido um crime bárbaro desses, eu tava morto. Jamais vou aceitar uma coisa dessas — afirmou Minhoca.
O advogado seguiu com sua tese de que Minhoca não teria como ser líder de facção em razão de suas condições socioeconômicas. Ele também lembrou que o seu cliente foi infectado pela covid na prisão e estaria surdo de um ouvido, pois não teria tido condições de contratar “os melhores médicos”. Na sequência, pediu que o cliente descrevesse como é a vida na prisão.
O próximo convocado a depor foi Douglas de Sá Gomes, o Faísca. Ele optou por ficar em silêncio. Depois, foi a vez de Gustavo da Luz Marques, o Buguinha, que também optou por não responder às perguntas do magistrado.