Pelo menos seis pessoas teriam tido participação na tentativa de praticar um ato terrorista na capital federal para tentar provocar "caos" e impedir a posse do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Preso pela Polícia Civil do Distrito Federal no último sábado (24), George Washington de Oliveira Sousa, 54 anos, detalhou aos agentes como foi planejada a ação que resultou na instalação de uma bomba em um caminhão de combustível próximo ao aeroporto de Brasília.
Gerente de um posto de gasolina no Pará, Sousa revelou que, além dele, outros quatro homens e uma mulher sabiam da fabricação da bomba.
Segundo o investigado, a ideia de provocar uma explosão surgiu no dia 23, no acampamento de bolsonaristas na frente do Quartel-General do Exército, quando uma "mulher desconhecida" teria sugerido aos manifestantes que fosse instalada uma bomba na subestação de energia na cidade de Taguatinga, nos arredores de Brasília.
Sousa contou que foi ao local da subestação numa picape Ranger branca de um dos manifestantes. Feito o reconhecimento, ele alega que o plano não avançou porque a mulher não teria providenciado um carro para a operação.
Um homem de nome Alan teria se voluntariado, então, para levar a bomba. Como teria sido constatado que havia dificuldade em instalar o explosivo na subestação, foi decidido que o alvo seriam postes de transmissão de energia próximos.
O gerente de posto de gasolina disse aos policiais que contou aos demais manifestantes que tinha explosivos. O material havia sido entregue a ele em Brasília por um fornecedor do Pará.
"Eu disse aos manifestantes que tinha a dinamite, mas que precisava da espoleta e do detonador para fabricar a bomba", contou à polícia.
Também segundo George Washington, ainda no dia 23, por volta das 11h30min, "um manifestante desconhecido" que estava acampado no QG lhe entregou um controle remoto e quatro acionadores.
"De posse dos dispositivos, eu fabriquei a bomba", admitiu no depoimento.
Sousa alega que entregou o explosivo a Alan, com o pedido para que fosse levada à subestação de energia. Ele diz que só ficou sabendo pela televisão que a bomba tinha sido levada ao aeroporto.
No mesmo depoimento, Sousa disse que se registrou como CAC (colecionador, atirador profissional ou caçador) para comprar armas. Ele alegou que veio a Brasília para protestar contra eleição de Lula e afirmou que, ao viajar de carro do Pará para a capital federal, trouxe o arsenal apreendido pela polícia no dia da prisão.
O detido reforçou que a ideia do atentado era de provocar um "caos" na capital, para estimular as Forças Armadas a intervir e decretar Estado de Sítio, impedindo a posse do presidente eleito — e já diplomado.
A tentativa de atentado provocou reação de integrantes do novo governo. O futuro ministro da Justiça, Flávio Dino, disse que o acampamento na frente do quartel é incubadora de terroristas.