A Polícia Civil prendeu, nesta terça-feira (13), dois homens apontados como líderes de um esquema criado no ano passado por uma facção que tem base no Vale do Sinos. Conforme a investigação, eles comandavam um grupo que ameaçou e extorquiu pelo menos 30 empresários, comerciantes e representantes de indústrias.
A operação policial ocorreu nos municípios de Novo Hamburgo, Campo Bom, São Leopoldo e Sapiranga. Segundo a apuração, os investigados enviavam mensagens com fotos de parentes das vítimas, principalmente crianças, e dos locais que elas frequentavam com o objetivo de exigir em torno de R$ 6 mil.
O titular da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas (Draco) de São Leopoldo, delegado Ayrton Figueiredo Martins Junior, diz que as ameaças citavam sequestrar, atirar para ferir e até matar os familiares dos extorquidos. Para isso, os dois presos comandavam um grupo que obtinha telefones e fotos de vítimas em potencial, além de familiares delas.
A quadrilha vasculhava todas as redes sociais para conseguir fotos, mas também informações sobre escolas, locais de trabalho e de passeio, bem como residências. A polícia apura ainda outros meios, que por enquanto não divulga, para a obtenção destas informações.
— Além dos R$ 6 mil que eles cobravam na primeira investida contra as vítimas, em muitos casos, essa cobrança seguia sendo feita com pedidos de R$ 1 mil por mês, já que os lesados eram monitorados. Lembro que os suspeitos muitas vezes faziam contatos presenciais com os extorquidos e, assim como nas mensagens, faziam questão de mostrar que estavam armados e que eram perigosos — destaca o delegado.
O policial identificou 30 casos, mas confessa que há grande dificuldade das vítimas em registrar ocorrências sobre as ameaças devido ao medo que têm da facção.
Um dos suspeitos presos nesta terça já foi investigado e detido pela Polícia Federal por roubo à Caixa Econômica Federal no Estado. O outro não possuía antecedentes criminais. Por enquanto, os nomes não foram divulgados, porque a investigação continua. Além das prisões preventivas, os dois tiveram bens indisponibilizados judicialmente.
Vítima reage
Em um dos 30 casos levantados pela Draco de São Leopoldo, uma das vítimas reagiu à extorsão no momento em que teria combinado com os criminosos a entrega do dinheiro. Segundo Martins Jr, que ressalta ser perigoso reagir a uma ação desse tipo, o homem não queria mais pagar valores mediante as constantes ameaças.
No dia 25 de setembro, os dois presos nesta terça-feira e mais uma terceira pessoa marcaram um encontro com a vítima em Sapiranga. Mas, ao invés de pagar mais uma vez pelo valor que estava sendo extorquido, o homem atirou contra o trio.
Um dos líderes ficou ferido em uma das pernas, e o outro não foi atingido pelos disparos. A terceira pessoa que estava com eles morreu. Ela foi identificada como Lucio Jonei Bolico. Este fato gerou uma nova apuração sobre homicídio e tentativa de homicídio, apesar de envolver uma vítima como autora.
Inclusive, Martins Jr diz que foi a partir deste fato que as investigações avançaram. Segundo ele, este foi o único caso, de um total de 30 apurados, que os criminosos não tiveram êxito, já que em todos os outros eles conseguiram realizar a extorsão mediante ameaça ao obter valores das vítimas.
Contatos com a Draco sobre estes casos podem ser feitos pelo telefone e WhatsApp (51) 98585 6118.