Um professor de 47 anos de Bagé, na Campanha, foi preso preventivamente e suspenso de suas atividades profissionais na sexta-feira (14). Seis alunas — três delas menores de idade — relatam ter sido vítimas de crime sexual. Dessas, três têm algum tipo de deficiência.
Durante a apuração, as vítimas foram ouvidas e passaram por exames, que comprovam as violações, conforme a polícia. Os abusos aconteceriam há pelo menos cinco anos.
A delegada Waleska Alvarenga, que apura o caso, espera concluir o inquérito e indiciar o suspeito até o final da semana:
— Ele negou todas as acusações em depoimento. Novas diligências serão feitas a partir desta segunda para apurar denúncias que recebemos depois de a prisão dele ter sido decretada.
Waleska ressalta a importância de procurar a polícia em casos como estes. As vítimas contaram o que tinha acontecido para as mães e para a psicóloga da instituição de ensino onde estudam, que levaram as situações à Polícia Civil. Os primeiros relatos foram feitos ainda em setembro. Uma nova vítima relatando abusos do mesmo professor aparece a cada semana, em média, desde então, segundo a delegada.
— São crimes que acontecem há décadas em nossa sociedade. Os estupradores não tem cara, são pessoas muitas vezes próximas das crianças e adolescentes, e às vezes até com certa reputação na cidade. Se uma filha, sobrinha, qualquer pessoa de nosso convívio se queixa de algo parecido, é preciso acreditar neste relato, é preciso levar a denúncia para a polícia local para buscar uma investigação — pede a delegada.
A delegada afirma que mantém rotina de visitas a escolas e instituições de ensino da cidade com palestras educacionais.
— Explicamos o que é a violência doméstica e a violência sexual. E essas palestras resultam em denúncias, onde as próprias crianças e adolescentes nos procuram para falar sobre as violências que têm sofrido, quando mostramos que temos uma rede para acolher corretamente e ajudar essas pessoas — conta a delegada.
Na delegacia que atende mulheres e menores vulneráveis vítimas de violência sexual de Bagé, existe uma sala própria onde uma policial mulher e psicólogas treinadas para lidar com vítimas de crime sexual recebem essas crianças e adolescentes. O objetivo é não causar novos traumas durante os depoimentos. Depois, as famílias e vítimas são encaminhadas ao atendimento psicológico fornecido pela prefeitura para estes casos.
— Não fique em silêncio. É um crime hediondo e tem como provar mesmo sem testemunhas dos atos. Não podemos deixar este problema de lado — reforça Waleska.
Em respeito ao Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), nenhuma identidade de vítima, do investigado ou das instituições de ensino são divulgadas.
Procure ajuda
A Polícia Civil do Rio Grande do Sul recebe denúncias de crimes sexuais de vítimas de qualquer idade nos telefones (51) 2131 5700 (para Porto Alegre), 0800 642 6400 e (51) 98418 7814 (por meio de mensagem nos aplicativos WhatsApp e Telegram).
Em Bagé, as vítimas podem ligar para o (53) 3241 3709, ou ir até a delegacia especializada, na Avenida Sete de Setembro, número 634, no centro da cidade.
Também é possível relatar casos de violação de direitos humanos em todo o país fazendo uma ligação telefônica para o número 100.