Após uma nova onda de violência, principalmente na Região Metropolitana de Porto Alegre, o governo gaúcho prepara a transferência de 25 integrantes de facções criminosas para penitenciárias de alta segurança. A ideia é que 15 detentos sejam enviados, já nos próximos dias, para prisões federais em outros Estados e outros 10 para um regime diferenciado na Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc).
Em relação à Justiça Federal, cinco pedidos já foram aceitos. De acordo com integrantes da Polícia Civil e Brigada Militar (BM), são líderes de facções e presidiários de alta periculosidade. A maioria integra três organizações criminosas que estão disputando territórios para venda de drogas em todo o Rio Grande do Sul: uma com base no Vale do Sinos, outra no bairro Bom Jesus, zona leste da Capital, e outra na Grande Cruzeiro, Zona Sul.
O número de detentos transferidos ainda pode variar porque os nomes dos criminosos seguem sendo analisados pela cúpula da Segurança e as transferências, após envio das solicitações, dependem de autorizações judiciais. A medida, assim como ocorreu em outras situações desde 2017, visa conter a onda de violência — que afeta principalmente a Capital e a Região Metropolitana, mas também com focos em Novo Hamburgo e no Litoral Norte — gerada pela guerra entre facções que já deixou dezenas de mortos e feridos.
Desde o último domingo (4), ao menos 15 pessoas foram mortas em confrontos ou ataques na Região Metropolitana. Somente nas últimas horas, foram seis mortes. Todos os casos aconteceram em Porto Alegre, Alvorada e Viamão. Na Capital, os fatos mais graves ocorreram em dois bares, na zona leste e zona sul, com quatro mortos e 26 feridos. Na quinta-feira, a Polícia Civil realizou uma operação para prender líderes destes grupos que estão em conflito. Um dos suspeitos presos foi Paulo Ricardo Santos da Silva, 63 anos, o Paulão da Conceição. Na ocasião, o diretor de Investigações do Departamento de Investigações do Narcotráfico (Denarc), delegado Alencar Carraro, informou que iria solicitar a transferência dele a uma penitenciária federal.
Em entrevista à RBSTV, o governador Ranolfo Vieira Júnior confirmou o planejamento para as transferências de presos, que podem ocorrer de uma vez só ou até mesmo em partes. Apesar de prever a efetivação do plano nos próximos dias, ele não falou em números e em nomes.
— É pontual e nós temos ações das nossas inteligências e, juntamente, é importante dizer dessa integração com o Ministério Público e o Judiciário. Nos próximos dias deveremos estar fazendo remoções dessas lideranças, inclusive para o sistema penitenciário federal, e o isolamento dessas lideranças das organizações criminosas em atuação no Rio Grande do Sul — disse o governador.
A Vara de Execuções Criminais de Porto Alegre informa que ainda não recebeu os pedidos de transferência. O Ministério Público (MP) não quis se manifestar sobre o fato por enquanto. GZH tenta contato ainda com a Justiça Federal.