Desde julho de 2017, o Rio Grande do Sul realizou quatro operações de transferência em massa de presos para o sistema federal. A mais recente ocorre nesta terça-feira (27), com o envio de mais sete apenados. A medida é vista como forma de dar resposta ao crime organizado e tentar inibir o contato dos criminosos com o lado de fora das cadeias. Dos 53 isolados nas ofensivas anteriores, 31 seguem no sistema federal, segundo dados da Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe).
Das operações, a Pulso Firme, que enviou 27 condenados apontados como lideranças de grupos criminosos para fora do RS há quatro anos, é a que teve mais casos de apenados que regressaram nesse período. O tempo de permanência dos presos nas unidades federais varia de acordo com o perfil de cada um e de decisões judiciais. Daquele grupo, 10 continuam no sistema federal e 17 retornaram ao Estado.
No ano passado, foram realizadas duas etapas da mesma ofensiva: a Império da Lei, também com um total de 27 transferidos. Da primeira leva de 18 apenados, enviados em março, cinco conseguiram retornar e 13 permanecem em unidades federais.
Já os nove encaminhados durante a Império da Lei II, em novembro, permanecem segregados longe do RS. As ofensivas juntas representam o maior número de presos mantidos fora do Estado.
Um dos líderes enviados nessa ofensiva é Fabrício Santos da Silva, o Nenê, que já havia sido transferido em 2017. Naquele mesmo ano, havia sido apontado como um dos chefes de uma facção criminosa do Vale do Sinos, responsável por arquitetar e comandar a escavação de um túnel para uma fuga em massa no Presídio Central. A ação foi frustrada porque o plano foi descoberto antes que fosse concretizada a fuga. Durante a Pulso Firme, o preso foi encaminhado para Mossoró, no Rio Grande do Norte, mas retornou ao RS três meses depois.
No ano passado, Nenê foi recapturado em Ciudad del Este, na fronteira do Paraguai com o Brasil. A ação teve cooperação entre as polícias federal brasileira e paraguaia. O criminoso havia rompido a tornozeleira eletrônica que usava desde que foi autorizado a sair da prisão por causa do risco de contágio do coronavírus. Em novembro, na Império da Lei II, foi levado novamente para fora do Estado, onde permanece, segundo a Susepe.
O total de presos do RS segregados em unidades federais é de 47 atualmente, com os sete enviados nesta terça-feira. Isso porque, além dos transferidos em megaoperações, há casos de condenados que são encaminhados de forma isolada. Até hoje, o RS já removeu pelo menos 72 apenados para o sistema federal.
Entre os sete presos enviados nesta terça-feira, está Rodolfo Silva Charão de Lima, o Cupinxa. Ele já havia sido transferido em outras duas vezes, uma delas em novembro do ano passado, na Império da Lei II. Antes disso, já havia sido enviado para uma penitenciária federal em agosto de 2018, mas retornou ao Estado um ano depois, após ter o pedido de permanência negado.
Com origem em uma organização criminosa estabelecida na Bom Jesus, em Porto Alegre, é investigado por crimes de ameaça, tráfico, homicídio, roubo, sequestro, cárcere privado, coação no curso do processo e extorsão.
Pulso Firme (2017)
- 27 transferidos
- 10 seguem no sistema federal
- 17 retornaram ao RS
Império da Lei I (março de 2020)
- 18 transferidos
- 13 seguem no sistema federal
- 5 retornaram ao RS
Império da Lei II (novembro de 2020)
- 9 transferidos
- 9 seguem no sistema federal
- Nenhum retornou
Total
- 53 transferidos*
- 31 seguem em sistema federal*
- 22 retornaram ao RS
*Um preso foi transferido em duas operações e segue no sistema federal. O dado não representa o total de apenados isolados fora do RS, já que alguns são enviados separadamente
Fonte: Susepe-RS