Sete líderes de organizações criminosas do Rio Grande do Sul estão sendo transferidos no final da manhã desta terça-feira (27) para estabelecimentos prisionais federais. A ofensiva contou com 300 agentes, 30 viaturas e uma aeronave.
Os nomes dos presos não foram divulgados pelas secretarias da Segurança Pública (SSP) e de Justiça e Sistemas Penal e Socioeducativo (SJSPS), responsáveis pela transferência, mas GZH apurou tratar-se de Adriano de Oliveira Noronha, o Véio, Michel Dannemberg Leivas, o Chaulin, Germano Rocha Lyrio, Jocemar de Almeida, o "Lagartixa", Luis Henrique Gravi Silveira, Rodolfo Silva Charão de Lima e Vinicius Alves. Juntos, tem pelo menos 243 anos de pena a cumprir. Quatro dos pedidos de transferência partiram do Ministério Público.
Em coletiva de imprensa, o secretário de Justiça, Sistema Penal e Socioeducativo, Mauro Hauschild, afirmou que os sete apenados estão envolvidos em 34 homicídios no Rio Grande do Sul. O principal objetivo da operação é dissipar a articulação dos presos nas suas organizações criminosas. A escolha dos nomes se dá, segundo o secretário, pelo risco que representam e pelo nível de interferência que eles têm nas organizações criminosas.
— Permanentemente são acompanhados, a partir de relatórios de inteligência, tanto da Susepe (Superintendência dos Serviços Penitenciários) quanto da Polícia Civil, que encaminha ao Ministério Público e que formula essa solicitação de transferência. É todo um trabalho de acompanhamento que, somado a liderança interna que eles exercem, acaba determinando essa transferência — detalhou o subsecretário da Segurança Pública, coronel Marcelo Frota.
Do grupo de detentos enviados para fora do Estado, um está retornando pela terceira vez e os demais estão indo pela primeira vez. Esta é a terceira etapa da Operação Império da Lei que, em março e novembro de 2020, enviou um total de 27 líderes de grupos criminosos para o sistema penitenciário federal. O Rio Grande do Sul já removeu 72 presos para o sistema federal. Com a transferência desta terça, 47 estão isolados fora do Estado.
O trabalho para a transferência dos presos começou ainda na noite de segunda-feira (26), por volta das 22h, com a remoção dos apenados que seriam transferidos. Os presos foram transportados de diversas casas prisionais para a Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc), onde realizaram teste de covid-19 — todos negativaram.
Fizemos a transferência daqueles apenados que eles próprios carimbaram seu passaporte para fora do Estado. Na medida em que tem comportamento de liderança interna no estabelecimento prisional, uma liderança negativa interna e externa, do ponto de vista de continuarem influenciando na criminalidade.
CORONEL MARCELO FROTA
Subsecretário da Segurança Pública
Com os sete transferidos reunidos, a saída do comboio com 30 veículos aconteceu por volta das 11h. A escolta foi feita por viaturas da Divisão de Segurança e Escolta (DSE) e do Grupo de Ações Especiais (Gaes) da Susepe; do Comando de Policiamento de Choque e do Batalhão de Operações Policiais Especiais da Brigada Militar; da Polícia Rodoviária Federal; da Polícia Civil; e da Polícia Federal (PF). Um caminhão do Corpo de Bombeiros ficou de prontidão para o caso de alguma emergência.
Em uma hora, a escolta percorreu 55 quilômetros da Pasc, em Charqueadas, até o Batalhão de Aviação da BM, ao lado do Aeroporto Internacional Salgado Filho, em Porto Alegre. No local, um médico-perito fez exames de corpo de delito para serem entregues aos agentes do Departamento Penitenciário Nacional (Depen) antes de os detentos embarcarem em avião da PF.
Quatro deles ficarão fora por 360 dias, um por 274 dias e dois deles ficam provisoriamente por 60 dias, período que pode ser ampliado a partir de avaliação do Judiciário e do Ministério Público. Três estão indo para Penitenciária Federal em Mossoró, no Rio Grande do Norte, e quatro para Penitenciária Federal em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul.
O subsecretário da Segurança Pública, coronel Marcelo Frota, disse em coletiva de imprensa no final da manhã que o comportamento dos apenados é que determina sua transferência para fora do Estado, especialmente na influência de crimes que acontecem fora das prisões.
— Fizemos a transferência de apenados que eles próprios carimbaram seu passaporte para fora do Estado. Na medida em que tem comportamento de liderança interna no estabelecimento prisional, uma liderança negativa interna e externa, do ponto de vista de continuarem influenciando na criminalidade. Isso serve como propósito pedagógico. Queremos deixar muito claro que não toleramos a criminalidade.