O ginecologista suspeito de abusar sexualmente de pelo menos 35 pacientes na região noroeste do Rio Grande do Sul foi preso nesta quarta-feira (17). Olinto Paz da Costa teve a prisão preventiva decretada pelo juiz Eduardo Giovelli, da 2ª Vara Criminal de Ijuí, que atendeu pedido do Ministério Público (MP) nesta semana, a partir de nova denúncia contra o médico. Acompanhado de advogados, Costa se apresentou na Penitenciária Modulada de Ijuí.
O ginecologista foi denunciado pela Promotoria de Ijuí por abusar sexualmente de 23 pacientes. Em maio, a Justiça aceitou a primeira denúncia contra ele, que virou réu e responde a processo criminal em que é acusado de violentar outras 12 mulheres. O advogado Cristiano Berger Sander, que defende o médico, diz que ele nega as acusações, mas não comenta o mérito da denúncia, em razão do processo estar em segredo de Justiça. Adianta, no entanto, que ingressará com habeas corpus, por entender que a prisão é desnecessária.
A segunda denúncia pelo crime de violação sexual mediante fraude praticada no exercício da profissão de médico (artigo 215, caput, do Código Penal) foi protocolada pela promotora Diolinda Kurrle Hannusch. Conforme o MP, o médico abusava sexualmente das mulheres durante os procedimentos ginecológicos, sob alegação de ter se especializado em sexologia, uma área de atuação da Medicina.
Conforme relatos de vítimas, o assunto era tratado nas consultas de rotina. Ele tratava do tema nos mais variados momentos, entre eles, quando as mulheres, por exemplo, iam ao consultório falar sobre tentativa de engravidar e situações de aborto. Pelos relatos, o médico colocava uma de suas mãos no órgão genital das pacientes e começava a masturbá-las, sob o argumento de ensiná-las a ter mais prazer e melhorar as vidas sexuais delas.
As mulheres disseram que não sabiam se a situação era normal ou se constituía abuso. Saíam constrangidas e, muitas vezes, com vergonha de falar a respeito com alguém.
Segundo o MP, além das 23 novas vítimas que tomaram coragem de denunciar, há outras que ainda não registraram os abusos. Todas eram pacientes atendidas em consultas particulares ou por meio de planos de saúde. A idade das vítimas varia entre 19 e 45 anos.
Especialidade não inclui toques
O MP já confirmou que o denunciado não tem titulação de sexólogo. A promotora do caso conversou com profissionais da área, que a garantiram que na sexologia, em hipótese alguma, o médico pode tocar a paciente. E que geralmente as consultas são feitas com casais. São apurados fatos que teriam ocorrido entre 2012 e 2021.
Uma cópia da primeira denúncia foi encaminhada ao Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Sul (Cremers). Uma sindicância que corre em sigilo foi aberta pela entidade para investigar a conduta do médico.