Geneviève Boghici, 82 anos, que sofreu um golpe milionário estimado em R$ 720 milhões, prestou um novo depoimento à Policia Civil do Rio de Janeiro na quinta-feira (11). Na ocasião, a idosa contou às autoridades que sua filha, Sabine Boghici, 48, suspeita de envolvimento no crime, apresentava um comportamento agressivo. Durante o período que ficou em cárcere privado, Sabine teria ameaçado esfaquear a própria mãe no pescoço e na barriga. As informações são do G1.
Em conversa com o delegado Gilberto Ribeiro, titular da Delegacia Especial de Atendimento à Pessoa da Terceira Idade, Geneviève contou que Sabine teria problemas psicológicos graves que ficaram aparentes durante a adolescência. A idosa também relatou que a filha nunca chegou a ter um trabalho fixo e, que por conta disso, lhe dava uma mesada de R$ 10 mil, além de ter presenteado Sabine com um cartão de crédito.
Sabine se definia nas redes sociais como uma ativista da causa animal. Apesar do amor que demonstrava pelos pets, de acordo com Geneviève, a filha estimulava o comportamento agressivo em cachorros que levava para casa. Em certas ocasiões, inclusive, ela soltava os animais para atacar as visitas.
O advogado de defesa de Sabine garantiu à imprensa que provará a inocência de sua cliente e que ela tem o direito de 25% de todo patrimônio deixado pelo pai, Jean Boghici, falecido em 2015, aos 87 anos, devido a uma embolia pulmonar. Jean era um reconhecido marchand nascido na Romênia que migrou para o Brasil em um navio francês clandestino em 1948.
Com a morte de Jean, as obras de arte que colecionava ficaram com Geneviève e faziam parte do patrimônio da família. Segundo a investigação, 16 dessas peças foram roubadas por Sabine e vendidas para galerias de arte. O valor delas juntas ultrapassaria os R$ 700 milhões.
Entenda o caso
De acordo com a Polícia Civil do Rio de Janeiro, o golpe milionário teria iniciado em janeiro de 2020, quando Geneviève saía de uma agência bancária em Copacabana, no Rio de Janeiro. Na época, a idosa foi abordada por uma mulher que se apresentou como vidente e lhe alertou que Sabine estaria doente e que teria pouco tempo de vida.
Como a vítima acreditava em fatores místicos e sabia do histórico psicológico da filha, acabou acreditando nas palavras da suposta vidente. Algum tempo depois, Sabine, que teria ciência de toda a história, convenceu a mãe a investir o dinheiro em pagamentos para "tratamento espiritual". Em menos de três semanas, Geneviève efetuou oito transferência bancárias que somariam mais de R$ 5 milhões.
Além das transferências bancárias, Sabine teria se apossado dos quadros do acervo da família, que acabaram vendidos. As autoridades conseguiram recuperar até o momento três obras de arte que haviam sido vendidas para uma galeria em São Paulo. As peças recuperadas foram avaliadas em R$ 300 milhões ao todo.