Começou na manhã desta segunda-feira (11) o último dos três júris previstos para este ano sobre o assassinato de Ronei Wilson Jurkfitz Faleiro Júnior, 17 anos, em Charqueadas. Mais três réus são julgados pela morte que aconteceu em 2015, quando o jovem saía da festa organizada para arrecadar fundos para a formatura do Ensino Médio da turma do estudante. Dois amigos do adolescente, que também teriam sido agredidos na confusão, foram os primeiros a serem ouvidos.
Desta vez, os réus são Cristian Silveira Sampaio, Jhonata Paulino da Silva Hammes e Matheus Simão Alves. Eles são acusados de homicídio qualificado, três tentativas de homicídio qualificadas, associação criminosa e corrupção de menores.
Conforme o Ministério Público (MP), os três participaram das agressões que levaram Ronei à morte, com socos, garrafadas e chutes. As defesas dos três acusados, no entanto, negam a acusação e afirmam que eles não se envolveram nas agressões ao jovem.
O primeiro a ser ouvido foi Richard Saraiva de Almeida, que namorava Francielle Wienke, colega de escola de Ronei Júnior. Os dois também foram agredidos pelo grupo, após saírem da festa e se refugiarem dentro do carro do pai do adolescente, também atingido por socos e chutes.
O depoimento dele foi feito por videoconferência, já que Richard mora atualmente em Santa Catarina. A fala não foi transmitida para o público, a pedido da testemunha.
Durante sua fala, Richard afirmou que embarcou no carro e tentou puxar Ronei para dentro do veículo, "mas alguém mais forte puxou ele para o lado de fora".
Depois, foi a vez de Francielle Wiencke testemunhar. A jovem lembrou detalhes do dia do crime:
— A gente desceu as escadarias (na saída do local) e ouvimos um comando para nos atacarem. Ao sair, vi o carro do Ronei pai.
A jovem, que era colega de escola da vítima, ainda destacou características do amigo.
— Eu era colega do Ronei. Lembro dele como um colega querido e esforçado — contou Francielle.
Segundo o Ministério Público, a motivação da revolta do grupo com o trio teria sido o fato de que Richard era de São Jerônimo, e havia rixa entre o Bonde da Aba Reta — grupo do qual o MP afirma que os réus faziam parte — e os moradores da outra cidade.
Na tarde desta segunda-feira, devem ser ouvidos o pai do adolescente, o engenheiro Ronei Wilson Jurkfitz Faleiro, 55 anos, e o delegado Rodrigo Reis, responsável pela investigação na época.
O júri é presidido pelo juiz Jonathan Cassou dos Santos.
Sessão
No começo do dia, os sete jurados foram sorteados: seis homens e uma mulher. O julgamento foi interrompido no fim da manhã e deve retornar às 13h15min. A previsão para o fim do juri é de até três dias. A expectativa, no entanto, é que ele se encerre na noite de terça-feira (12), durante dois dias, assim como o segundo julgamento, na última semana.
Réus
Um dos réus, Cristian, chegou ao Fórum de Charqueadas já com habeas corpus preventivo. Ou seja, mesmo que seja condenado, não poderá sair do plenário preso, caso a pena aplicada pelos crimes seja superior a 15 anos — a menos que o juiz Jonathan Cassou dos Santos entenda que há motivos para prisão preventiva. No entanto, não foi o que aconteceu até o momento. Nos outros dois júris, os réus conseguiram o mesmo hábeas e, em razão disso, não foram detidos, ainda que tenham recebido sentenças entre 35 e 41 anos de prisão.
Matheus, que já está detido por envolvimento em outro homicídio, deve deixar o local ao fim da sessão e voltar à prisão.
Dois júris
No primeiro julgamento, que teve duração de três dias, foram condenados os três réus. Peterson Patric Silveira Oliveira foi sentenciado a 35 anos e quatro meses de prisão. Vinicius Adonai Carvalho da Silva recebeu pena de 38 anos e 10 meses e 20 dias. Já Leonardo Macedo da Cunha foi condenado 35 anos e quatro meses de reclusão. Peterson foi o único que confessou ter cometido o crime e disse ter sido o autor das garrafadas.
No segundo júri, foram sentenciados também os três réus, por todos os crimes. Eles eram acusados de homicídio qualificado, três tentativas de homicídio qualificado, associação criminosa e corrupção de menores. Alisson Barbosa Cavalheiro e Volnei Pereira de Araújo receberam pena de 35 anos e quatro meses e Geovani Silva de Souza foi condenado a 41 anos e seis meses.
Há um décimo acusado de envolvimento nos crimes. Rafael Trindade de Almeida foi denunciado depois dos demais e seu caso é apurado em outro processo. Ele já foi pronunciado e deve ir a júri, ainda sem data marcada.