Foi encerrado na noite desta terça-feira (5) o júri de três réus pelo assassinato de Ronei Wilson Jurkfitz Faleiro Júnior, 17 anos, em 1º de agosto de 2015. Os três réus foram condenados por todas as acusações. A sentença foi lida pelo juiz Jonathan Cassou dos Santos às 21h30min. Este foi o segundo dos três júris que devem ocorrer neste ano – ainda há um quarto julgamento para ser agendado.
Foram julgados, ao longo de dois dias, os réus Alisson Barbosa Cavalheiro, Geovani Silva de Souza e Volnei Pereira de Araújo. Alisson e Volnei foram condenados a 35 anos e quatro meses, e Geovani, a 41 anos e seis meses. Os três foram considerados culpados pelos crimes de homicídio qualificado, três tentativas de homicídio qualificadas, associação criminosa e corrupção de menores.
Habeas preventivo
Durante a tarde, a 1ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça concedeu aos três réus um habeas corpus preventivo para o caso de condenação. Em razão disso, eles não seriam presos nesta noite enquanto a liminar vigorar.
O pedido foi feito pela defesa dos réus, representada pelo defensor público Alisson Romani. No despacho, o desembargador Jayme Weingartner Neto, da 1ª Câmara Criminal, considerou que os réus responderam aos processos presos e que tiveram suas prisões revogadas recentemente por decisão do Tribunal de Justiça, que “reconheceu o excesso de prazo na formação da culpa ao corréu Peterson, estendendo os efeitos aos demais acusados”. Todos os réus receberam o direito de responder ao crime em liberdade, em abril deste ano, após ficarem cerca de seis anos presos.
Réus
Os réus foram interrogados ainda durante a manhã. O primeiro a falar foi Alisson, que negou participação. Respondendo aos questionamentos do magistrado, Alisson declarou ter saído antes do fim da festa.
— Eu saí da festa, atravessei a rua para comprar um churrasquinho. Só comprei o churrasquinho e fui pra casa — relatou o réu.
Na sequência, foi a vez do réu Geovani, que pediu para que não houvesse transmissão do depoimento. A assessoria do Tribunal de Justiça fez postagens com algumas declarações do réu em redes sociais. Geovani disse que viu o tumulto, mas que não participou da briga.
— Quando vi, já estava tendo o tumulto, a gente se afastou para o lado, perto da parada do táxi — disse.
Logo na sequência, prestou depoimento o réu Volnei, que também pediu para que não tivesse transmissão. Diferente de Alisson e Geovani, admitiu que se envolveu na briga.
— Tinha bastante gente na volta do carro (do pai da vítima). Não lembro se dei dois chutes ou dois socos no carro — declarou.
O que diz a defesa
A advogada de defesa de Alisson, Aline Hilgert, discordou da sentença dada a seu cliente, afirmando que há discordância entre as provas e os autos do processo.
— A prova dos autos é manifestamente contrária àquela decidida pelo conselho de sentença — afirmou.
Os demais réus são representados pela Defensoria Pública, por meio do defensor público Alisson Romani. A Defensoria se manifestou através da assessoria de comunicação:
"A Defensoria Pública respeita a decisão do júri, que é soberano. A defesa técnica foi feita da melhor forma possível, visando um processo justo e leal. A partir de agora, a instituição irá recorrer no que julgar necessário, nos autos do processo."
Debates entre acusação e defesas
O dia foi marcado pelos debates entre a acusação e as defesas. O Ministério Público pediu a condenação dos três. A argumentação principal é de que todos contribuíram para o desfecho.
— Eles mostraram total desprezo com a vida humana — sustentou o promotor João Cláudio Sidou ao explicar que o pai tentava se livrar dos agressores enquanto “Júnior era julgado e executado naquela calçada”.
À tarde, o julgamento iniciou com a fala do defensor público Alisson Romani, que representa os réus Geovani e Volnei. O defensor pediu que, em caso de condenação, o crime de homicídio fosse desclassificado para lesão corporal seguido de morte. A argumentação do defensor é de que Volnei e Geovani não tinham intenção de cometer o assassinato.
— A lesão tem a intenção da lesão, mas não se quer o resultado morte. Os dois não encostaram nas vítimas — apontou.
O defensor dividiu o tempo de duas horas e meia nos debates com as advogadas Aline Hilgert e Paula Suso Kisner, que defendem Alisson. A defesa sustentou que o cliente não participou das agressões e que, por isso, deve ser absolvido pelos crimes.
— Não há provas de que o Alisson participou e sequer indícios disso. Não há qualquer tese que eu possa oferecer, senão a absolvição — disse Paula.
Logo depois, foi realizado intervalo e o júri foi retomado com a réplica do Ministério Público. Nela, o promotor Eugênio Amorim pediu que todos os réus fossem condenados à pena máxima.
— Qualquer mínimo de pena que derem a eles, darão contra a vida do Ronei Júnior — disse.
Relembre
No primeiro julgamento, que teve duração de três dias, foram condenados os três réus. Peterson Patric Silveira Oliveira foi condenado a 35 anos e quatro meses de prisão. Vinicius Adonai Carvalho da Silva foi condenado a 38 anos, 10 meses e 20 dias. Já Leonardo Macedo da Cunha foi condenado 35 anos e quatro meses de reclusão. Peterson foi o único que confessou ter cometido o crime e disse ter sido o autor das garrafadas.
Os acusados foram condenados pelos crimes de homicídio qualificado, três tentativas de homicídio qualificado, associação criminosa e corrupção de menores. Em razão de habeas corpus preventivo, nenhum dos condenados foi preso por esse crime ao final do julgamento - Vinicius, porém, segue preso por envolvimento em outro caso.
Próximo julgamento
Está previsto para ser realizado mais um júri na semana que vem. Com início marcado para 11 de julho, também deve se estender por três dias. Nessa etapa, serão julgados os réus Cristian Silveira Sampaio, Jhonata Paulino da Silva Hammes e Matheus Simão Alves. Há um décimo acusado de envolvimento nos crimes. Rafael Trindade de Almeida foi denunciado depois dos demais, e seu caso é apurado em outro processo. Ele já foi pronunciado e deve ir a júri, ainda sem data marcada.