A Polícia Civil e a Brigada Militar (BM) voltaram a atacar o roubo de carros em Porto Alegre. Desta vez, uma operação envolvendo 70 agentes foi deflagrada, na manhã desta quarta-feira (11), em sete cidades gaúchas para combater dois grupos criminosos.
Segundo as polícias, um deles envolve quatro homens especializados em roubar revendas de veículos. Houve três registros confirmados e, em todos eles, funcionários foram feitos reféns.
Além disso, há uma investigação paralela que identificou sete ladrões de automóveis atuando em vários bairros da Capital. Eles agem armados, às vezes mediante ameaças às vítimas.
O trabalho é realizado pela Delegacia de Roubo de Veículos do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) e pelo Comando de Policiamento da Capital da BM. A chamada Operação Revenda é realizada em Porto Alegre, Alvorada, Viamão, Guaíba, Gravataí, Pareci Novo e Encruzilhada do Sul.
Os grupos investigados são da Região Metropolitana, mas alguns integrantes se mudaram nos últimos dias para os locais mais distantes. Até as 6h50min, a polícia já havia prendido 10 suspeitos.
Pela Polícia Civil, o delegado Rafael Liedtke é o responsável pelas duas apurações. A principal, que teve início em novembro de 2020, teve quatro ladrões identificados.
Conforme a apuração, eles agem sempre da mesma forma: chegam de carro — geralmente clonado — a uma revenda de veículos, sendo que um deles fica no automóvel para avisar sobre algum imprevisto, aguardando para dar cobertura na fuga, enquanto os demais, armados, ingressam no local. Eles anunciam o assalto e fazem funcionários e até clientes reféns. Todos são amarrados e, em um dos casos, uma das vítimas foi levada na fuga.
Além disso, o delegado destaca que os criminosos não usavam capuz ou touca pelo fato de levarem junto todas as imagens de câmeras de segurança que eram gravadas no computador dos estabelecimentos. Os quatro investigados foram identificados. Eles são do bairro Bom Jesus, na Capital, e de Alvorada. No entanto, Liedtke diz que a Justiça indeferiu as prisões, concedendo apenas oito mandados de busca e apreensão.
— Dos três roubos, além do trauma que causaram, avaliamos que o prejuízo foi de mais de R$ 700 mil. Eles levaram veículos, mas também notebooks, celulares e cartões das vítimas, além de dinheiro do caixa — diz Liedtke.
Antes dos assaltos, a quadrilha fazia até mapas de cada estabelecimento, indicando entrada, saída e posição dos carros dentro das lojas. Após o início da investigação, o delegado diz que o grupo percebeu que estava sendo monitorado e, desde então, não se teve a confirmação de outro roubo semelhante.
Três roubos a revendas
A investigação do Deic começou em novembro de 2020, quando houve o primeiro roubo a uma revenda de carros. O crime ocorreu na Avenida Sertório, na zona norte da Capital. Todos os funcionários foram amarrados, e os ladrões levaram três veículos, entre outros pertences das vítimas e do local.
Um mês depois, houve o segundo roubo atribuído a este grupo. Depois de os funcionários terem sido rendidos e amarrados, os ladrões fugiram com quatro carros de uma revenda localizada na Avenida Assis Brasil, também na Zona Norte. Neste caso, a polícia acredita que os ladrões podem ter deixado um carro estacionado nas proximidades para busca-lo em outro dia. Por isso, levaram quatro automóveis da loja.
Já em fevereiro do ano passado, os mesmos assaltantes são apontados pelo roubo em outro estabelecimento comercial semelhante, só que no bairro Santana. Os funcionários foram amarrados, contudo, um dos bandidos desconfiou de que a polícia havia sido acionada, o que não ocorreu. Os três homens fugiram do local e levaram um refém, se juntaram ao comparsa que estava no carro e passaram a ameaçar o funcionário, que estava amarrado. Minutos depois, ele foi abandonado em via pública, próximo à Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs), na entrada da Capital pela Zona Norte.
Prisões
Em relação aos outros sete investigados, Liedtke diz que eles integram pequenos grupos que roubam carros na Capital. Eles estão sendo investigados desde o início do ano e, em alguns casos, os motoristas foram ameaçados.
A maioria dos suspeitos mora na Região Metropolitana, mas dois se deslocaram para outras duas cidades recentemente. Todos têm vários antecedentes criminais, a maioria roubo de veículos e tráfico, mas há alguns envolvidos em homicídios.
No entanto, todos os roubos e furtos investigados ocorreram em Porto Alegre. Deste grupo, oito foram detidos devido aos mandados de prisão temporária, além de outro em flagrante por porte de arma e também teve um foragido recapturado. Respondendo pelo crime de homicídio, ele rompeu tornozeleira eletrônica.
Liedtke diz que serão dois inquéritos paralelos e que não vai divulgar os nomes dos presos ou dos investigados. Os delitos apurados são roubo de veículos, associação criminosa, porte ilegal de arma, receptação e clonagem de automóveis.