Era por volta de 6h desta quarta-feira (25) quando cerca de 15 agentes cumpriram mandado de prisão contra Maurício da Silva, conhecido como Mauricinho ou Uca, no Bairro Fátima, em Canoas, na região metropolitana de Porto Alegre. A ação fazia parte de operação com 250 agentes em sete cidades, sendo seis no Rio Grande do Sul e uma em São Paulo, contra a quadrilha que assaltou um carro-forte em um supermercado de Guaíba no dia 29 de dezembro de 2021. Na ocasião, dois suspeitos foram presos e dois mortos.
Os agentes entraram no pátio pelo portão – entreaberto - e, como tradicionalmente, gritaram: “polícia, polícia”, após abrir a porta da residência na Rua Diretor Augusto Pestana. Os policiais ouviram um estrondo e alguns deles perceberam um vulto pulando o muro do local, em direção a imóveis vizinhos. Foi então que começou a mobilização geral em todo o quarteirão, que envolve também as Ruas Cairu e Rui Barbosa. Moradores abriram as portas de suas casas para auxiliar os agentes.
O titular da 1ª Delegacia do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), delegado João Paulo de Abreu, responsável pela investigação e operação, diz que todos estavam em alerta, porque foram encontrados estojos de armas e a suspeita era de que o fugitivo estivesse armado e até mesmo com algum refém. Devido a isso, o helicóptero da Polícia Civil sobrevoou o local para iluminar a região. Além disso, equipes que estavam cumprindo mandados em Porto Alegre e mais a BM reforçaram as buscas ao suspeito, totalizando cerca de 50 agentes.
Na chaminé
Pouco depois das 7h, uma surpresa para os agentes, que vasculharam todas as casas e pátios do quarteirão. Um deles gritava: “aqui, aqui, na chaminé”. Ele estava em uma residência na Rua Rui Barbosa, aos fundos da casa de Mauricinho. No local, havia uma churrasqueira, na qual o fugitivo havia entrado e escalado até a chaminé para se esconder dos policiais. Segundo Abreu, depois de pular o muro, o suspeito teria passado por pelo menos dois pátios até se esconder.
Ele confirmou que estava armado e a polícia fez buscas para encontrar o armamento, mas localizou apenas alguns estojos. Após a prisão, houve comemoração entre os agentes e aplausos da comunidade, que, a todo momento, auxiliou a polícia. Maurício da Silva, além de apontado como um dos líderes da quadrilha, estaria envolvido em outros crimes, inclusive outros ataques a carros-forte.
O diretor do Deic, delegado Sander Cajal, diz que oito mandados de prisão foram cumpridos e há ainda um foragido. Os outros três presos foram em flagrante por estarem com fardas, munição de fuzil, radiocomunicadores, giroflex e armas, entre outros materiais. A operação ocorreu em Porto Alegre, Canoas, Capão da Canoa e São Gabriel, além de Getúlio Vargas, Bento Gonçalves e até em São Paulo.
Núcleos da quadrilha
De acordo com a investigação, a quadrilha tem cinco núcleos e a maioria dos investigados responde por organização criminosa e lavagem de dinheiro. O principal núcleo tem dois líderes foragidos e dois mortos após o assalto. Outro núcleo era de logística e transporte e tinha três integrantes, dois eram vigilantes na época. A terceira parte era responsável por adquirir armas de fogo, formada por cinco criminosos, dos quais três foram presos nesta quarta-feira em Getúlio Vargas. O quarto núcleo era o dos carros — uma mulher em São Paulo é alvo neste caso. A última parte foi responsável por ter adquirido armas e roupas de policiais para o grupo. O inquérito ainda busca confirmar quem colocou adesivos em carros para imitar viaturas policiais.
O assalto ocorreu no dia 29 de dezembro de 2021 no estacionamento de um supermercado em Guaíba, com os criminosos se passando por policiais. Houve perseguição, com congestionamento na BR-290, cerco nas ilhas e troca de tiros com dois suspeitos presos e dois mortos, além de buscas por vários dias.